4 eventos de impacto

28/05/2021

Apesar da baixa volatilidade e marasmo visto nos mercados, esta semana reúne eventos importantíssimos que deverão impactar os preços dos ativos nos meses e anos à frente. Vamos a eles:


1. Crise hídrica no Brasil -- isso é de extrema relevância! No início de 2015 vivemos o pesadelo do racionamento de energia. Naquela ocasião, os problemas estavam mais concentrados na região nordeste; diferente do momento atual, onde o problema se encontra nas regiões sul, sudeste e centro-oeste. Em 2015, o problema foi solucionado através da elevação das tarifas; o que se provou extremamente doloroso para os consumidores brasileiros.

 
2. Desequilíbrio no mercado de operações compromissadas nos EUA (Mercado de "Repo" e "Reverse Repo") -- Em setembro de 2019, os bancos americanos viveram uma certa escassez de recursos, pois o Tesouro dos EUA estava em processo de recapitalização da sua conta TGA ("Treasury General Account" -- conta de custeio que o Tesouro mantém no FED). O desequilíbrio naquela ocasião, resultou em um choque no mercado de Repo, levando a taxa do "overnight" para 10% ao ano.

 
Desta vez, entretanto, o problema é inverso. Por lá, temos uma abundância de capital e uma escassez de títulos de curtíssimo prazo ("T-Bills"). Sendo assim, o FED -- através de sua "Reverse Repo Facility" -- está abarrotado de dinheiro (este dinheiro aqui é, na verdade, na forma de "reservas excedentes" em nome dos bancos). Mas, e aí: quais são as consequências práticas deste processo de exaustão?


Bem, seguindo o grande especialista no assunto, Zoltan Pozsar, do Credit Suisse, especula-se que o FED terá que escolher entre duas alternativas complicadas: Ou ele faz o "tapering" de forma antecipada, ou ele permite que a taxa de juros de curtíssimo prazo registre rendimentos negativos. Os impactos destas consequências para os ativos de renda variável não são tão óbvios. Penso que as implicações estão mais relacionadas ao mercado de câmbio. Em tese, taxas negativas associadas as T-bills devem contribuir para uma desvalorização do dólar.


3. ESG na veia! Você leu por aqui! A tal luta do fundo Engine #1 para nomear 2 diretores no Conselho de Administração da Exxon é um símbolo da importância do ESG. Em novembro deste ano teremos a COP26 -- reunião da ONU sobre o clima, a ser realizada em Glasgow, Reino Unido. Em paralelo, uma decisão da corte holandesa forçando a petrolífera Shell a acelerar o seu processo de descarbonização é uma outra notícia relevante associada a esta tendência ESG.

 
4. Ruptura entre democratas e republicanos -- esse é um tema que eu exploro no MYCAP TENDÊNCIAS GLOBAIS desta semana que você pode acessar clicando aqui https://youtu.be/HY-UgbUsgak. Os republicanos já estão de olho na eleição do "midterm" a ser realizada em 2022. Acabou o amor por lá, se é que isso de fato existiu em algum momento. Os democratas vão tentar aprovar tudo através do artifício conhecido como "reconciliation" -- que permite aprovar no senado questões tributárias e orçamentárias com uma maioria simples, ao invés do tradicional 60% de maioria.

 
Poderia aqui explorar outros temas domésticos, mas julgo que eles perdem em importância em relação aos temas acima. A grande festa da liquidez global pode estar chegando ao fim, e penso que você deve encurtar o seu horizonte de tempo de investimentos. Como você sabe, estes comentários têm como foco um horizonte de tempo de investimento de 3 meses.

 
Um ótimo fim de semana para você e sua família,


Marink Martins

www.myvol.com.br