A vida como um contrato de opção

06/05/2022

A vida muitas vezes se parece com um contrato de opção de compra cujo preço de exercício está muito (mas muito mesmo) fora do dinheiro. E a consciência -- preservando os processos evolutivos a ela associados -- trabalha maravilhosamente para que não pensemos muito a respeito de seu prazo, nem a respeito de seu preço de exercício.

Assim, este "Call Option" chamado vida, é pura potência! Sua jornada, ora é maravilhosa e acelerada, ora é entediante, como se nada de especial acontecesse.

Quando jovens somos seres de "vega" elevados; e até por isso, impacientes. Quando mais velhos trocamos "vegas" por "thetas" e "gammas". A nossa parte "gammificada" nos mantém criativos, curiosos, intempestivos, erotizados. Já a parte "thetificada" se manifesta como uma tatuagem que perde cor e se desbota com o passar do tempo. Esta também age como um atrito crescente, dificultando os movimentos e afetando a nossa memória.

Passadas as crises existenciais, aquela consciência protetora abre espaço para nos mostrar o inevitável destino deste peculiar contrato de opção: o pó. Ainda que tal destino não fosse realmente um mistério, há um momento em sua vida em que o "pó" passa a ganhar um significado mais tangível.

De forma absurdamente curiosa, o reconhecimento corporal de tal processo -- por alguma razão que desconheço -- faz nascer uma nova admiração pelo tal "Call Option"; uma que, ao invés de estar conectada a algum prêmio idealizado, passa a se conectar ao seu próprio processo de negociação. Blefar, raspar, tomar "cemzinho" só para cotar. Aquela contraparte, que no passado foi tratada como um nemesis, passa a contribuir para nossa própria validação.

Mas, e a "marcação a mercado" deste contrato, desta vida? Esta é implacável como deve ser; ora nos deixando felizes, ora nos deixando tristes. Mas, independente do resultado, tão certo quanto o destino do contrato, é a inescapável dor de corno de seus navegantes.

Marink Martins

MyVOL


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