Adversidade e Simbolismo
Ainda que o momento atual não seja, nem de perto, um associado a uma crise financeira clássica, os últimos eventos deixaram muitos investidores "machucados". Afinal, no último mês tivemos 3 eventos que historicamente foram catalisadores para fortes valorizações das ações brasileiras. Refiro-me aos seguintes eventos:
1. Início do ciclo de afrouxamento monetário nos EUA
2. Estímulos fiscais e monetários na China
3. Upgrade da classificação de risco dos títulos soberanos brasileiros.
Em pensar que, mesmo com a ocorrência destes três eventos, o IBOV estaria caindo mais de 3% no período é de deixar muitos investidores e -- particularmente os especuladores -- loucos! E isso em um período em que o S&P 500 subiu mais de 5%.
O fato é que, ainda que o IBOV esteja próximo da estabilidade ao longo do ano, a sensação para os "traders" é de estar vivendo uma tremenda adversidade.
No passado, em períodos de adversidade, a sugestão que eu sempre ouvia nas mesas era a seguinte: ALONGA!!!!
Em outras palavras, alongue o horizonte de tempo de investimento. Em termos nominais o IBOV irá subir ao longo do tempo, isso é uma questão matemática e tem a ver com o ritmo de impressão de dinheiro.
Veja no gráfico abaixo como o IBOV se comporta quando dividido pelos agregados monetários M1 e M2. O IBOV dividido pelo M1 (dinheiro imediato = papel moeda + reservas bancárias + saldos em conta corrente) está em 70% do valor atingido em 2011 e 2019. Em outras palavras, o IBOV não conseguiu nem sequer acompanhar a impressão de dinheiro na economia. E isso é incomum, pois o IBOV consiste de um grupo de empresas consideradas as melhores do Brasil. O normal é que tais empresas abocanhem uma parte cada vez maior do dinheiro em circulação.
Caso o investidor ou "trader" esteja envolvido em operações problemáticas tipo -- vendido em S&P 500, vendido em taxa de juros e/ou dólar -- recomenda-se reduzir ou zerar tudo. O nível de aparente irracionalidade nos mercados está elevadíssimo.
Para finalizar, quero falar de um simbolismo. Amanhã, Jensen Huang -- CEO e fundador da Nvidia e também chamado de "padrinho" da inteligência artificial -- irá tocar a campainha de abertura do NYSE. Será uma foto linda. Poderá simbolizar a conclusão de um ciclo de valorização das Big Techs. É possível que testemunhemos uma espécie de "respiro/pausa" no Nasdaq/S&P 500 para que a eleição americana assuma um protagonismo nas próximas 6 semanas.
Marink Martins