Barato, largado e em tendência de alta

19/05/2022

Não é de hoje que compartilho estes três atributos tidos como necessários para que alguns estrategistas considerem a compra de um ativo para o longo prazo.

Em um mercado baixista ("Bear Market") é comum vermos ativos baratos e largados. A própria definição de um Bear Market está associada à presença destes atributos. Difícil mesmo é ter a paciência para comprar um ativo que, mesmo que não esteja em tendência de alta, esteja pelo menos estabilizado.

Reitero aqui que vivemos em um mercado um tanto estranho. A volatilidade realizada (aquela que observamos e sentimos na pele e no bolso) está bem mais elevada do que a volatilidade implícita (aquela derivada de modelos de precificação de derivativos). Dentre as causas para tal discrepância, já mencionei aqui o fato da VOL ter se tornado um ativo negociável, e também do fato dos investidores estarem muito mais conscientes a respeito de gestão de risco de carteiras. Creio que a parte educacional avançou muito nos últimos anos.

Assim, observamos quedas que forçam investidores a se protegerem através da venda de derivativos baratos. Este tipo de conjuntura é reminiscente de um período de queda visto lá no segundo semestre de 2011 -- um período marcado por "downgrade" da dívida americana, problemas no Bank of America, troca de presidente da Petrobras, e outros problemas. Lembro-me bem que naquela ocasião a VOL dos contratos de opções da Petrobras estava baixíssima, por volta de 22% (hoje está próximo a 35%).

Buscando conciliar o título deste texto com o cenário de VOL descrito acima, argumento que o investidor tente controlar o sentimento de FOMO ("fear of missing out" - receio de ficar de fora de uma bela oportunidade de ganhos). Não dá para prever o futuro. O "crash" de 2020 surpreendeu pela intensidade e rapidez. Dito isso, o investidor deve saber que existem períodos de quedas mais duradouros.

Neste sentido, finalizo o texto com uma curiosidade que aprendi no livro sobre a história do Banco Goldman Sachs - "The Culture of Success", escrito pela Lisa Endlich: na crise de 1929 a queda no valor patrimonial líquido dos sócios foi tão grande que foram necessários aproximadamente 20 anos para que eles voltassem ao patamar registrado no pré-crise. Sabe-se que os índices de ações se recuperam em um período bem mais rápido. Mesmo assim, o ocorrido com a Goldman nos ajuda a refletir a respeito de quão adverso a situação pode se transformar.

Marink Martins


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