De fato, a economia chinesa já mostra sinais de abalo da
campanha comercial norte-americana. Sua moeda já se desvalorizou
aproximadamente 8% desde o início das medidas protecionistas dos EUA. Os
principais índices bursáteis vem registrando quedas consecutivas. Na semana
passada, buscando frear a saída de recursos do país, o governo chinês impôs uma
espécie de depósito compulsório de 20% sobre operações a termo no mercado de
câmbio. Além disso, o governo chinês anunciou políticas monetária e fiscal mais
frouxas com um claro objetivo de estabilizar o comércio, o mercado de trabalho
e o fluxo de investimentos estrangeiros.
No que diz respeito ao toma-lá-dá-cá imposto pelos americanos,
os chineses estão na desvantagem devido ao fato de importarem bem menos dos EUA
do que vice-versa.
Mas, quais seriam as verdadeiras motivações norte-americanas
para este conflito?
De acordo com os especialistas da Gavekal Research, tal
conflito sempre esteve além da questão relacionada ao déficit comercial norte-americano.
Acredita-se que a verdadeira intenção norte-americana seja de cunho ideológico,
buscando frear e possivelmente reverter as políticas industriais chineses nas
quais se apropriam da inteligência de multinacionais sediadas no país.
Por isso mesmo, a equipe da Gavekal acredita que esta guerra
esteja somente em seu início. Eles argumentam que embora os chineses estejam em
desvantagem neste toma-lá-dá-cá, eles tendem a levar vantagem em uma eventual
guerra de exaustão ("war of attrition").
Marink Martins