Beautiful SELIC - versão "festa das vacinas"

10/12/2020

Diante do comportamento maníaco dos investidores - em particular na demanda por ações através de emissões de ações por aqui e nos EUA - julgo que é interessante compartilhar novamente o texto que escrevi no dia 12/2 deste ano: BEAUTIFUL SELIC. (veja abaixo)

Aquele que conseguiu ignorar o "oba oba" das bolsas no início do ano, obteve uma oportunidade de ouro de comprar ativos baratíssimos nos meses subsequentes.

Embora, quando escrevi o texto, o coronavírus já se espalhava pelo mundo, não tinha noção do estrago que iria causar no mês seguinte. De qualquer forma, estava evidente que os mercados se encontravam esticados naquele momento. Por isso fiz apologia a SELIC.

Hoje - há menos de um ano da publicação do texto - vivemos um momento análogo aquele vivido no início do ano. Considerando os estragos provocados pela pandemia, diria que os mercados se encontram mais esticados do que no início do ano, e vulneráveis a uma surpresa desagradável.

Vivemos em um mercado complacente turbinado por jovens (Robinhooders) que "surfam" com ousadia a onda piramidal que está em curso. Isso ocorre de forma mais flagrante nos EUA, onde empresas de software negociam a um múltiplo de (Valor da Firma / Receita Estimada - próximos 12m) de 12,1x. A média histórica para este tipo de múltiplo é de 4,4x conforme podemos ver no gráfico abaixo:

Quem viveu a euforia do fim dos anos 90, sabe que a festa dos IPOs de 2020 é muito mais intensa do que aquela. Se naquela ocasião os investidores especulavam com ações da Qualcomm, hoje fazem o mesmo com as ações da TESLA. Contudo, o investidor de hoje é mais ousado, pois pensa que tem Jerome Powell como garantidor de que nada de errado ocorrerá.

Nem tudo no mercado está caro. Existem empresas no Brasil com preços razoáveis. As pechinchas já não existem mais!

Todavia, existe um grupo de ações que são puras aberrações. Vamos a alguns exemplos específicos: MELI, MGLU3, WEGE3, REDE D´OR, ARZZ3, SNOWFLAKE, DASH, UBER, TESLA, PTON, e muitas outras. Acredito que é uma questão de tempo para que esta onda de IPOs brasileiro resulte em empresas com performances similares aquelas registradas por Rossi Residencial, PDG, e outras da construção civil no "boom" dos IPOs de 2007.

Finalizo afirmando achar mais convidativo as apostas no preto ou vermelho de uma roleta em Atlantic City do que ficar comprado nestas estrelas da bolsa mencionadas acima. Por isso, lembre-se dela: a Beautiful Selic.

Marink Martins


Beautiful SELIC (texto escrito no dia 12/2/2020)

Dizem que há sempre um chinelo velho para um pé cansado. Você, SELIC, emagreceu e foi abandonada por toda uma classe de rentistas que hoje só quer saber de ações que exibem o atributo da moda: "momentum". Não fique triste! Apesar de toda a adversidade do momento -- com a mídia financeira te difamando -- é você quem dita o comportamento da concorrência, e não o contrário.

Saiba que o grupo que te acusa e te amaldiçoa é o mesmo que fez fortuna em 2007 coletando rios de dinheiro em operações de underwriting. Trata-se de um grupo que quando enxerga uma janela aberta, vai com tudo! Eles mobilizam a mídia financeira e atacam quem estiver na frente. Hoje, minha cara SELIC, você é a vítima.

Eles até sabem que, no fundo, é você quem estabelece o padrão a ser seguido. Mas, como o "estoque" de produtos na prateleira é grande, todo esforço é feito para empurrar o máximo goela abaixo daqueles que hoje são chamados de "seus órfãos". Neste sentido recorrem a acrônimos anglicanos como T.I.N.A. ("there is no alternative") para promover a ideia de que quem for visto em sua companhia é um "LOSER" ou um desavisado.

Saiba que você não ficará sozinha. No curto prazo seu charme permanece. Já no longo prazo, o seu emagrecimento que já atrai a atenção de inúmeros empreendedores, há de fazer com que os retornos dos novos projetos convirjam para um retorno não muito distante do seu peso. Até lá, entretanto, é possível que os agentes contribuam para formação de processos piramidais como os inúmeros casos já vistos desde sua criação.

Marink Martins

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