Caminho livre para o aperto monetário do FED

09/05/2022

Dizem que, historicamente, o FED promove "apertos monetários" até que alguma classe de ativos mostre sinais de estresse. No período natalino de 2018, a instituição foi forçada a fazer um "pivot" justamente no momento em que crescia a especulação de que uma série de títulos corporativos classificados como BBB (região fronteiriça entre grau de investimento e grau especulativo). Dentre as empresas que se encontravam vulneráveis a um downgrade estava uma que já fora uma das estrelas do mercado de ações: a GE.

Já em setembro de 2019, o estresse ocorreu em um outro mercado. Os títulos associados a operações compromissadas nos EUA viram seus rendimentos overnight dispararem para 10% ao ano. Não demorou muito, e o FED veio mais uma vez para o resgate.

Em março de 2020, vimos o derretimento no preço de ativos de renda fixa e renda variável ocorrendo de forma simultânea. A circunstância inusitada associada aos "lockdowns" permitiu que o FED, desta vez de mãos dadas com o Tesouro dos EUA, promovessem um "MOAB" fiscal e monetário. ("MOAB = sigla em inglês para o que conhecido como a "mãe de todas as bombas").

Estamos definitivamente em um ciclo de aperto monetário. No entanto, apesar da queda vista na renda variável, ainda não há sinais de estresse na renda fixa, nem no mercado interbancário de títulos de curto prazo. Abaixo, temos um gráfico ilustrando a trajetória dos títulos de grau de investimentos (linha azul), junto com o BBB (que também são classificados grau de investimento, mas estão na região fronteiriça).

Observe que, ainda que estes "spreads" estejam se elevando, ainda não há sinais de estresse quando comparados com outros momentos do passado. Sendo assim, o FED e o Tesouro parecem ter o caminho aberto para continuar a elevar o custo do dinheiro e, aos poucos, ir em busca do tal "pouso suave powelliano".

Ampliando a lupa e pensando no mundo como um todo, há claros sinais de estresse no mundo se manifestando através das relações cambiais. Esta noite tivemos o PBoC promovendo mais uma desvalorização na moeda chinesa.

Por tudo isso, venho clamando por aqui, desde aquele infame "rally" do meio de março, que o investidor deve se proteger. Estamos em um BEAR MARKET. E este poderá ser análogo a crise vivida durante a crise asiática iniciada em 1997. Muito cuidado!

Marink Martins

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