China - O que há de novo no mais recente plano de 5 anos chinês?

22/03/2021

Conforme já mencionado por aqui, a China anunciou um plano de 5 anos sem estabelecer metas anuais para o crescimento do PIB do país. Isso deixou alguns analistas surpresos, pois os novos planos apontam para uma necessidade maior de colocar a casa em ordem ao invés de promover crescimento econômico a qualquer custo.

O novo plano -- conforme discutido por analistas da casa de pesquisa Gavekal -- aponta para direções importantes:

A busca pela liderança em duas áreas...

1. Redução da dependência tecnológica internacional (EUA).

2. Se adaptar às mudanças climáticas e ser um líder em tecnologias associadas à economia verde (carros elétricos, etc).

Evitar cometer os erros americanos em duas áreas...

1. Não deixar que a desigualdade econômica atinja níveis elevados.

2. Evitar um processo de desindustrialização do país. Valorizar o setor de manufaturados.

O plano anunciado é longo e aborda muitas tendências em linhas gerais. Contudo, ao ouvir os analistas da Gavekal discutir o tema, logo lembrei da fala de Louis-Vincent Gave (fundador da Gavekal) quanto ao fato de que os líderes chineses cresceram lendo o pequeno livro vermelho de Mao Tse-Tung. Os chineses seguem estratégias de guerrilha, evitando o conflito direto com os americanos. Mesmo assim, aproveitando os momentos de fragilidade do oponente para se tornarem cada vez mais fortes.


Não é à toa que os chineses agora falam em estabilizar sua relação dívida/PIB. Os chineses querem estar prontos e fortes no momento em que o sistema monetário americano começar a ruir. Eles certamente querem se posicionar como alternativa.
Neste sentido, vale destacar aqui duas observações:

1. Ray Dalio - fundador da gestora Bridgewater Associates -- vem sugerindo que investidores diversifiquem suas carteiras de forma a incluir títulos emitidos pelo tesouro chinês, conhecidos como CGBs. Estes títulos oferecem retornos reais positivos em um mundo onde boa parte das alternativas ocidentais oferecem retornos reais negativos.

2. Relação entre EUA e Arábia Saudita -- apesar de órgãos de inteligência dos EUA terem concluído que o assassinato do jornalista Jamal Kashoghi fora comandado por Mohamad Bin Salman, até o momento, não houve sequer uma manifestação americana no sentido de punir ou se manifestar contra o regime saudita. Especialistas especulam que qualquer movimento neste sentido poderá fazer com que os sauditas se aproximem cada vez mais dos chineses, que hoje são os maiores compradores de petróleo no mundo.

Marink Martins

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