Como fazer melhores previsões

27/12/2021

Este é um tema discutido em um artigo publicado pela casa de pesquisa Datatrek -- uma importante fonte de informação para os comentários de mercado aqui gerados. Neste, o analista chefe, Nick Colas, nos apresenta algumas das ideias publicadas pela dupla da economia comportamental -- Kahneman e Tiversky -- sobre o tema.

De forma resumida, ele busca nos convencer que há uma maneira mais eficiente de se fazer previsões, e esta toma como ponto de partida uma série histórica. Diz ele que, caso você queira prever o preço de fechamento do índice S&P 500 para 2022, você deve começar com o retorno anual histórico do índice e, a partir daí, fazer ajustes positivos e negativos com base em inputs. A ideia aqui é transmitir que caminhar através de um método é, historicamente, melhor do que simplesmente buscar fazer uma previsão de forma desconexa com o passado.

Entretanto, devo confessar que venho trabalhando em minhas análises de uma forma que parece ir em uma direção contrária. Não que eu esteja engajado em fazer previsões. Muito pelo contrário. Não canso de repetir uma famosa frase dita por Louis-Vincent Gave que diz que, em se tratando dos mercados, não somos pagos para prever, mas sim para se adaptar.

E é justamente nesta "pegada" da adaptação que me afasto bastante das séries históricas. Creio que estamos transitando em um mundo diferente com diversas mudanças demográficas e tecnológicas de grandes impactos. Aqui, podemos mencionar as transformações vistas na China -- temas discutidos nos vídeos MYCAP TENDÊNCIAS GLOBAIS -- como exemplos. Temos também a volta da inflação, um processo de desglobalização incipiente, uma substituição energética, e muitos outros fatores que podem fazer com que as séries históricas só atrapalhem.

Talvez mais importante no curtíssimo prazo, vivemos ainda uma presença fortíssima dos investidores pessoas físicas nas bolsas globais. Isso é um claro fenômeno que não só ocorre nos EUA, mas também aqui no Brasil. O crescimento na base de investidores visto nos últimos dois anos foi algo sem precedentes. Junto a isso veio uma busca insaciável por derivativos que ainda se faz presente nos EUA.

Por tudo isso, finalizo este breve comentário com a famosa frase do jogador/treinador de beisebol -- Yogi Berra -- que disse: "the future ain´t what it used to be"! (o futuro já não é mais o que era). Temos aí um atropelo linguístico genial e pertinente para este momento de enorme transformação demográfica e comportamental (uso de algoritmos nos mercados).

Marink Martins

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