Definitivamente, Mario Draghi às avessas!

09/12/2021

Dentre os comentários que faço aqui, um que foi importante e que pode ter te ajudado a se defender durante a derrocada vista no IBOV, foi aquele cujo título fora "Mario Draghi às avessas!" enviado no dia 13/10 deste ano.

Neste comentário postei a seguinte imagem:

Ainda que o diretor de política econômica do BC, Fábio Kanczuk, esteja de saída da instituição, suas palavras foram precisas e vem se provando coerentes. Ontem, em decisão unânime, o BC não só elevou a taxa SELIC para 9,25%, mas deixou claro que não vai relaxar enquanto as expectativas de inflação para 2023 não estiverem ancoradas.

Durante a minha passagem na ICAP, realizamos alguns eventos com a Solange Srour que é hoje economista chefe do Credit Suisse. Srour trabalha com uma expectativa de um IPCA de 6% em 2022 e acredita que não resta alternativa ao BC a não ser seguir com sua postura contracionista.

Em 2012, Mario Draghi que esteve à frente do Banco Central Europeu (BCE) ficou famoso ao dizer que faria o que fosse necessário para preservar o euro. Na verdade, Draghi se comprometia ali em fazer o necessário para proteger o sistema bancário europeu que enfrentava uma elevada dose de ceticismo. A instituição europeia embarcou em uma onda de recompra de títulos dos governos que dura até hoje. Sabe-se que os preços dos títulos públicos emitidos por países europeus, como a Itália, estão artificialmente elevados devido à interferência do BCE.

Por aqui a história é oposta. O comprometimento é de frear a inflação, mesmo incorrendo no risco de intensificar esta assustadora situação conhecida como dominância fiscal. Mas, observe a imagem acima. Fábio Kanczuk deixou claro: isso é problema do ministro da economia! Guedes que se vire para frear os desaforos de Lira e companhia. Essa turma está surfando um aumento na arrecadação que é puramente inflacionário e tentando nos convencer do contrário. Os dados do varejo, divulgados nesta semana, não deixam dúvidas.

E como tudo isso afeta o nosso IBOV? E quanto ao otimismo que venho transmitindo em meus comentários?

Deixo claro aqui que meu otimismo em relação ao IBOV é RELATIVO. Deixo claro que acredito que o IBOV irá performar melhor do que o S&P 500 e outros índices globais, em função de uma retomada no impulso creditício chinês. Deixo claro que meu viés é para uma janela de tempo de investimento de 3 meses. Agora é importante ser seletivo. As empresas cujas ações têm uma relação de P/L elevada tendem a continuar sofrendo em um período de arrocho monetário. Sendo assim, o investidor deverá focar nas ações tradicionais, de empresas geradoras de caixa.

Marink Martins

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