Dois Anos Sensacionais
Os últimos dois anos foram sensacionais para o investidor focado em ações de empresas norte-americanas. Abaixo, temos um gráfico de "Trailing Real Returns" do S&P 500 desde 1960. Este gráfico nos mostra o retorno real do índice em janelas de 2 anos.
Observe que o momento atual registra uma alta acumulada em termos reais de quase 53% -- um pouco abaixo do patamar de 58,5% situado a dois desvios-padrões da média de retorno de 9,6% para dois anos. Na comparação com o passado, o momento atual só perde para períodos marcados por fortes recuperações após crises, como a da grande crise financeira de 2008.
Mais importante, chegamos a um ponto no ano em que os indicadores de expectativa de oscilação -- VIX (1 mês), VIX3M (3 meses), VVIX (Vix do VIX), MOVE (vol da renda fixa) -- se encontram em patamares elevados, refletindo tensões associadas a iminente eleição presidencial (marcada para ocorrer no dia 5 de novembro deste ano). Mesmo assim, o S&P 500 subiu 100 pontos nos últimos dias puxado pela Nvidia e outras 7 Magníficas.
Hoje -- dia em que Jensen Huang, fundador e CEO da Nvidia, irá tocar o sino de abertura da NYSE -- tende a ser um dia em que os mercados deverão mudar o seu foco de questões microeconômicas (idiossincrasias das empresas de tecnologia) para questões macroeconômicas (eleição presidencial).
Falo isso, pois o mercado já está cansado de saber que a demanda pelas GPUs da Nvidia está insana. Já sabe quase tudo sobre o lançamento do Iphone 16 e da Apple Intelligence. Já sabe que a "OpenAI" -- dona do ChatGPT e sócia da Microsoft -- já captou 7 bilhões de dólares e anda perdendo 5 bi por ano. Já sabe dos desafios da Google perante a FTC americana. Bem, como busco ilustrar aqui, já tem muita coisa devidamente precificada neste mercado em que o S&P 500 está encostado no impensável patamar de 5.800 pontos. Mas será que os cenários são indiferentes ao que será decidido no próximo dia 5 de novembro?
Marink Martins