E a vítima do dia é...

15/09/2021

Vivemos em um período em que, a cada dia, recebemos notícias preocupantes vindas da China. A vítima do dia parece ser o setor de jogos; em particular, os preços das ações dos cassinos de Macau desabam!

-Mas, e como está o câmbio chinês? perguntou um analista ocidental que acabou de acordar.


Bem, este se apreciou!


-Mas, como pode isso em meio a tantos choques regulatórios que vem dizimando o valor das empresas chinesas?


Well, meu caro... não devemos esquecer que a conta de capitais chinesa é fechada! O câmbio chinês é manipulado pelo PBoC. Mesmo assim, é surpreendente o fato do partido comunista chinês (PCC) optar por manter um câmbio forte em um momento em que, em tese, nos parece adverso. Penso eu que o PCC está buscando transmitir uma mensagem ao resto do mundo que é bem diferente daquela transmitida pela própria instituição em momentos adversos como a grande crise financeira de 2008 e o estouro da bolha especulativa chinesa em 2015.


Enquanto isso, na principal economia do mundo, temos a Microsoft anunciando que poderá recomprar até 60 bilhões de dólares de suas próprias ações. Em julho, foi a vez dos bancos anunciarem mega recompras de ações. Em suma, penso que há um movimento coordenado, envolvendo governo e setor corporativo, na tentativa de manutenção do status quo.


- Mas, por que estariam tais instituições interessadas em manter os mercados a preços elevados? voltou a perguntar o analista ocidental...


Você, por acaso, já viu a lucratividade registrada pelos bancos americanos? Com a chegada de milhares de investidores nas bolsas, estamos vendo uma das maiores transferências de renda da história. A cada vencimento de derivativos (observe que temos um vencimento trimestral muito importante ocorrendo daqui a dois dias; aqui e lá fora), os "dealers" (bancos) fazem a festa! São bilhões de dólares em prêmios embutidos em opções e contratos futuros que são transferidos dos gananciosos para os moderados.


Por tudo isso, o investidor mais sensato deve se conscientizar que os mercados globais estão cada vez mais vulneráveis. Chegamos a um ponto que, na minha opinião, a principal pergunta a ser respondida é a seguinte: será que a China irá enfrentar um pouso forçado ou sucumbirá ao receituário tradicional de mais estímulos fiscais e monetários? A Gavekal, neste momento, atribui uma baixa probabilidade de novos estímulos no curto prazo. Vamos aguardar.


Marink Martins

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