É o preço do petróleo que manda na economia global!

11/08/2021

Acima, observamos que a demanda por gasolina ao longo das últimas semanas nos EUA (linha azul) já retomou o nível pré-pandêmico registrado em fevereiro de 2020 (linha marron). 

Ao longo do último fim de semana, dediquei duas horas para acompanhar um webinar realizado pela casa de pesquisa Gavekal. Em meio a discussões entre os principais estrategistas da casa, o que mais me chamou atenção foi um frase dita pelo veterano Charles Gave: historicamente, é a alta no preço do petróleo que provoca recessões econômicas, e não a postura do FED.


Considero essa fala pertinente, pois estamos entrando em um período de elevada ansiedade com a proximidade do simpósio realizado na cidade de Jackson Hole, Wyoming, onde o tema "tapering" será certamente um dos mais discutidos.


A verdade é que muito se fala a respeito da revolução tecnológica dos últimos 15 anos que, não só impulsionou as bolsas, mas também contribuiu para manter a inflação baixa. O que alguns parecem esquecer é foi a revolução energética do "shale gas/oil" que foi quem desempenhou o papel mais determinante.


A queda no preço do petróleo e das outras commodities contribuiu para uma inflação baixa e para políticas monetárias "frouxas", com as taxas de juros próximas a zero. Tudo isso "patrocinou" uma revolução tecnológica com um dinheiro barato que não existiria caso a inflação estivesse em níveis mais elevados.


No entanto, chegamos a um ponto em que os excessos praticados pelas empresas do setor petrolífero ao longo dos últimos dez anos foram praticamente eliminados. As empresas reduziram significativamente o volume de recursos destinados a aumento de produção. E isso, caro leitor, deve ser interpretado de duas formas: positivo para as empresas petrolíferas pela retomada da lucratividade e negativo para as economias em geral pelo elevado grau de vulnerabilidade associado a dependência do consumo energético.


Observe que nas últimas semanas, a despeito do fato de que um elevado percentual dos trabalhadores americanos continuam a trabalhar em regime de "home office", o consumo de gasolina nos EUA já retomou os níveis pré-pandêmicos. A explicação: um aumento no processo de suburbanização (um maior número de carros nas ruas) + maior consumo associado a construção civil + maior número de viagens de carros no verão. O gráfico no topo do texto é ilustrativo disso que busco transmitir.

Nos próximos dias vocês provavelmente ouvirão bastante a expressão "softare is eating the world" (os softwares estão devorando o mundo) dita pela empresário Marc Andreessen em agosto de 2011. Seu artigo publicado há 10 anos no Wall Street Journal é certamente um dos mais celebrados. Andreessen acertou em cheio em suas previsões.

Mas, o fato é que isso ficou para trás. É possível que os softwares continuem a devorar o mundo. Contudo, no que diz respeito as bolsas, eles já devoraram tudo! O momento agora é oportuno para um movimento de reversão à média, impulsionado por altas nos preços das petrolíferas e das ações de bancos tradicionais.

Marink Martins 

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