Fugindo do consenso de mercado

10/03/2021

Retomo hoje um tema abordado em dois textos recentes em que falei da precificação das ações da Vale. No primeiro, mencionei um episódio na época da copa do mundo de 2014 em que todos que consideravam as ações da Vale uma pechincha se frustraram com o comportamento do preço da ação diante da queda do minério de ferro que estava por vir. No outro texto questionei se é possível acharmos barganhas em ativos extremamente líquidos. Neste último escrevi que, seguindo a tese de eficiência dos mercados, ativos mais líquidos deveriam exibir uma menor volatilidade; algo que não ocorre quando olhamos para o comportamento de ações como Apple, Tesla, Petrobras e outras.

A razão por mencionar a Vale novamente é que as ações da BHP, Rio Tinto e Fortescue tomaram um tombo durante esta madrugada no pregão australiano. Há indícios de que o ciclo de alta no preço da tonelada métrica do minério de ferro pode estar chegando ao fim.

Na última semana, a China publicou seu plano de 5 anos falando pela primeira vez em estabilizar sua relação dívida/PIB. Neste sentido, é possível e provável que os gastos com infraestrutura no país recuem, impactando negativamente a demanda por aço e minério de ferro.

Ontem, observamos que o preço das ações da Vale perdeu seu ímpeto altista.

Dito isso, não quero aqui transmitir uma mensagem pessimista no que diz respeito ao IBOV como um todo. Conforme venho escrevendo em meus últimos textos, passei a ter uma visão um pouco mais otimista com a bolsa brasileira, seguindo a tese do "crack up boom" em curso nos EUA. Sendo assim, acredito que caso o índice S&P 500 fique acima de 3.900 pontos e a relação USD/CNY se mantenha abaixo de 6,50, creio que haja espaço para uma valorização no IBOV.

Contudo, acredito também que, caso tal alta se materialize, esta tende a ser liderada por ações de empresas tradicionais, consideradas ativos de valor. Finalizo este texto convidando o leitor a refletir a respeito da seguinte colocação:

"Nos últimos dias só se ouve o seguinte: invista em empresas exportadoras; fuja das estatais".

Bem, penso que -- para aquele que está mais ligado no dia a dia dos mercados -- é uma boa hora de atuar na ponta oposta a este consenso descrito acima.

Marink Martins

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