Geopolítica e consolidação nos mercados

03/08/2022

Não há dúvida que a ida de Pelosi monopolizou a atenção dos mercados nos últimos dias. No entanto, o que observamos em termos de preço dos ativos tem sido um movimento de consolidação em um mercado que se mostra "range bound" (oscilando entre determinados patamares).

Uma das razões para esta menor VOL talvez esteja associada à percepção de que, em se tratando do índice S&P 500, os "market makers (MM)" estejam migrando para um posicionamento "long gamma". Nesta configuração, os MM costumam contribuir para um mercado que tende a reverter a média; isto é, quando o mercado cai, eles compram, e quando sobe, eles vendem. Não faz muito tempo, tínhamos um posicionamento oposto, com os MM em posição considerada "short gamma"; uma que só contribuia para o aumento no VOL.

Já no que diz respeito às questões geopolíticas, o que os especialistas nos dizem é que a ida de Pelosi não deixou alternativas ao governo chinês que foi forçado a fazer uma demonstração de força ("saber rattling") no estreito de Taiwan. Estamos a meses do vigésimo plenário do partido comunista chinês; um evento que levará Xi Jinping a um terceiro mandato. Por isso, uma exibição de força é algo necessário para a autoestima dos chineses que passam por um momento super delicado, com a confiança do consumidor em níveis preocupantes.

Em meio a tudo isso, o leitor pergunta: e o que fazer neste momento? Confesso que penso que estamos em um momento em que, no curtíssimo prazo, talvez o melhor seja ficar parado, à espera de novos sinais. Permaneço confiante que a performance de ações de países emergentes, como o Brasil, tende a ser superior à americana em um horizonte de tempo mais longo. No entanto, é importante estarmos cientes da necessidade de sinais mais positivos vindos da China. Algo que poderá demorar um pouco para se materializar.

Marink Martins

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