Highlights do 8º Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais (Parte 2)

29/08/2017

Destaques deste fim de semana no evento da B3 em Campos de Jordão, Khaneman e Ariely, nos lembraram a respeito daquela já imortalizada frase que diz que "a pior mentira é aquela que contamos a nós mesmos". Enquanto Khaneman dedicou grande parte de seu discurso apontando o excesso de confiança como a principal razão para muitas das besteiras realizadas por humanos, Ariely fez o mesmo utilizando princípios da utilidade econômica.

Khaneman se apresentou como um pessimista, afirmando que a principal razão pela qual indivíduos decidem se aventurar no mundo do empreendedorismo seria o desconhecimento de riscos inerentes ao mundo dos negócios. E foi além, reiterando muito dos temas já discutidos em seu famoso livro Duas Formas de Pensar: Rápido e Devagar, onde afirma que a forma mais eficiente para se obter um bom resultado nas bolsas de valores é através de um investimento em um fundo de índice (ETF) de baixo custo. Reiterou que pessoas físicas simplesmente perdem dinheiro na bolsa por "girar" demais e por sofrerem de uma forte aversão à perdas, dentre outros vieses cognitivos. Confesso, entretanto, que seu argumento anti-empreendedorismo não agradou a todos. Embora amparado por dados estatísticos, seus argumentos, embora críveis no nível individual, parece não captar as benesses geradas ao sistema por uma cultura empreendedora como a americana, onde através de tentativa e erro, empresários não se envergonham de errar e começar tudo de novo. Fiquei com a impressão de que para Khaneman, o homem não só erra, mas continuará errando. Embora eu prefira uma visão mais Nietzschiana, aquela em busca do além-homem, tenho consciência que devo estar sob a influência do viés da confirmação, justificando as minhas próprias iniciativas. Santa racionalização!!!!

Já Dan Ariely foi um dos últimos a discursar. Utilizou como tema o título de um de seus livros: A mais pura verdade sobre a desonestidade. Começou afirmando que, na média, mentimos entre 2 a 3 vezes a cada dez minutos. Como de prática, mencionou inúmeros de seus experimentos realizados ao redor do mundo, e afirmou que pessoas agem de forma imoral quando percebem que não há consequências visíveis. Dentre os experimentos mencionados, vale ressaltar um feito com uma "vending machine" (aquelas em escritórios que vendem refrigerantes, biscoitos, etc.). Na ocasião, Ariely assumiu o comando de uma destas máquinas e a programou de forma que o consumidor recebia suas moedas de volta logo após a liberação do produto adquirido. Seu objetivo era medir quantos itens seriam "roubados" por consumidores em situações como estas. Para a surpresa da maioria, Ariely mencionou que nenhum dos usuários levou mais do que 4 itens. Para o autor, tal comportamento confirmara uma de suas previsões com relação ao comportamento humano; uma associada a racionalização. Diz ele que consumidores ao levar alguns itens de graça racionalizam argumentando para si que em outras ocasiões no passado foram vítimas de tais máquinas. Mesmo assim, a quantidade de itens ilustra que há um limite a este processo. Quando o assunto migrou para os mercados, Ariely preferiu enfatizar o tema relacionada a conflitos de interesses ocultos associados ao mundo dos investimentos. Tais conflitos habitam não só relacionamentos nos mercados mas na vida em geral. Por isso, é necessário buscar uma visão crítica partindo de um ponto de auto-conhecimento, e reconhecimento de nossas fragilidades.

Marink Martins, CNPI

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