Não culpem a OPEP+ pela queda nos mercados

19/07/2021

Os mercados caem nesta segunda-feira ao redor do mundo. Não se trata de uma queda expressiva, mas sim, uma que exibe -- pelo menos no momento em que escrevo -- uma maior correlação global. E CORRELAÇÃO foi o tema que explorei em meus vídeos e textos na última semana. Em suma, argumentei que a correlação setorial de 5 dos principais setores do índice S&P 500 se aproximava de 0,60, que era um patamar que se apresentava como um provável ponto de virada nos mercados. Além disso, enfatizei também que os agentes estão condicionados a esperar por resultados excepcionais vindo de Wall Street, e isso, por si só, já representava uma maior vulnerabilidade.

 Vale lembrar que na sexta-feira do dia 9/7 -- feriado do dia 9 de julho na B3 -- as bolsas globais reverteram o que parecia ser um início de um ciclo de realização de lucros devido a interferência do BC chinês que decidiu cortar o compulsório dos bancos em 0,50%. Naquela ocasião, a grande preocupação do mercado parecia ser uma certa aversão a ativos de tecnologia da China. O preço das ações da Alibaba, da Didi e outras caíam fortemente.

A "canetada" funcionou e as "chinese techs" se recuperaram. Alibaba, por exemplo, saiu dos 200 dólares registrados no fechamento de quinta-feira, dia 8/7, foi acima de 215 dólares, e, neste momento que escrevo, está em 208 dólares, aproximadamente.

Contudo, outras notícias ao longo da última semana ajudaram os mercados internacionais a se estabilizarem. Os dados relacionados à variante Delta pareciam assustar menos. Além disso, a Apple anunciou que irá aumentar a produção de Iphones em 20%. O preço da ação reagiu positivamente e levou a empresa a uma capitalização de mercado próxima a 2,5 trilhões de dólares.

Para que você não perca a conta. Vamos lá... nos últimos 6 dias tivemos: PBoC (corte no compulsório) >> "Chinese Tech" (recuperação) >> Variante Delta (percepção de baixo nível de hospitalização) >> Apple (aumento na produção de Iphones).

Para fechar a semana passada, tivemos uma outra importante notícia que, embora não fosse uma surpresa, em tese, deveria turbinar os mercados. Trata-se de mais um estímulo que já começou a colocar mais 300 dólares no bolso das famílias americanas. Refiro-me ao "Child Tax Credit". Um estímulo que veio para ficar. Na semana passada, na CNBC, discutiu-se se esta transferência de renda seria um prenúncio de um "Universal Basic Income" (programa de renda básica). Jim Cramer, em seu programa Mad Money, deu ênfase ao programa e disse: "buy, buy, buy!!!!"

Todavia, resgatando aqui os princípios de meu amigo Ivan Sant´anna, não posso deixar de lembrar os leitores que um mercado que não sobe em meio a notícias boas é um mercado fraco. Já no fim da semana passada era flagrante a deterioração em dados técnicos do mercado como o percentual das empresas cujos preços estavam acima de sua respectiva média móvel de 50 dias.

Finalizo com algumas palavras a respeito da decisão da OPEP+ de ir normalizando a produção (aumento mensal na produção 400k barris/dia por 12 meses). Considero esta decisão positiva para as petrolíferas. A OPEP+ está mostrando coesão, e isso tende a ser positivo para a perspectiva de preço do petróleo. Veja na imagem abaixo o que pensa Jeff Currie, estrategista da área de commodities da Goldman Sachs:

Reitero também que, para a Petrobras, o preço do Brent entre $60 e $75 é sensacional, pois, não só gera maior lucratividade, mas reduz os riscos de intervenção do governo. Dito isso, no curtíssimo prazo temos que conviver com a irracionalidade predominante no mercado que privilegia o que chamo de ativos de longa duração (aqueles que o potencial de lucro está bem distante).

Marink Martins

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