Novo regime de VOL à frente

19/11/2021

Chegamos a mais um vencimento de opções que ocorre não só na bolsa brasileira, mas principalmente nos EUA. Por lá o vencimento é mais importante por reunir um elevadíssimo número de contratos em aberto. Além disso, a semana que vem será marcada pelo importante feriado do "Thanksgiving" (Dia de Ação de Graças) nos EUA; o que deve afetar, de forma significativa, o volume das bolsas.

A proximidade do "Thanksgiving" nos faz pensar sobre a velha parábola de Taleb a respeito do peru do dia de ação de graças... Surpresa à frente??? 

Ao longo dos últimos 15 dias busquei explorar e discutir uma tese que se materializou: aquela em que os "dealers/Market Makers" eram os "vendidos" em opções enquanto as pessoas físicas estavam na ponta oposta. O resultado desta dinâmica tem sido um em que as partes (ações individuais) oscilaram bastante, enquanto o todo (os índices de ações) subiu de forma lenta e consistente. Uma dinâmica assim é perversa para o comprado em derivativos, pois o preço do ativo base sobe, mas não o suficiente para compensar os custos associados aos prêmios embutidos nos contratos de opções. Como consequência, temos mais um vencimento de derivativos em que os "dealers" americanos ganharam muito dinheiro.

Mas, chegamos ao fim de mais um ciclo. E o que está por vir provavelmente envolverá um nível de volatilidade mais elevado. Ontem mesmo observamos fortes valorizações associadas às ações da Apple e da Amazon que foram acompanhadas de um salto na volatilidade. Além disso, muitas das tensões políticas nos EUA -- que assustaram os mercados em setembro -- voltam à cena. Vale lembrar que o VIX está acima de 18% e, quando analisamos sua estrutura a termo, observamos que há uma expectativa de oscilações mais bruscas para o S&P 500 em um horizonte de tempo de 3 meses.

Por tudo isso, o investidor brasileiro que vem sofrendo bastante com a "underperformance" do nosso IBOV, fica apreensivo diante da possibilidade de que o ímpeto altista visto no S&P 500 esteja para cessar. E o que fazer diante deste cenário?

A minha sugestão é que o investidor que esteja mais otimista com o Brasil -- seja por fundamento ou expectativa de um processo de reversão à média -- considere fazer suas apostas (mesmo que parciais) através do câmbio. É possível que uma recuperação brasileira, caso se materialize, seja mais tranquila através de uma valorização da moeda brasileira.

Dito tudo isso e, apesar dos efeitos de sazonalidade associados ao fato de estarmos no trimestre que historicamente é o mais rentável do ano, penso que, de hoje até a virada do ano, os índices americanos registrarão uma maior volatilidade do que a vista nos últimos 15 dias. E isso poderá até ser bom para os ativos brasileiros que necessitam desesperadamente de uma quebra neste status quo que só faz levar dinheiro para as narrativas transformacionais americanas.

Tenha um ótimo fim de semana,

Marink Martins

www.myvol.com.br