O preço do ouro versus o S&P 500

Acima, os 3 principais preços na economia global. O quarto elemento (?) refere-se ao "spread" entre as taxas de juros corporativas e os "treasuries" dos EUA.

Ao olhar para os três principais preços na economia (ver acima) observamos que, enquanto os preços do dólar e do petróleo estão mais fracos, o preço dos "treasuries" vem subindo (a taxa dos "treasuries" vem caindo).

Como consequência destes movimentos, observamos também que o preço do ouro, assim como o do S&P 500, vem subindo. Este último (S&P 500) vem emplacando um movimento surpreendente, pois, como podemos ver abaixo -- em um comentário feito pela Gavekal -- o principal índice de ações dos EUA traz consigo uma certa vulnerabilidade ligada ao valor relativo do dólar:

Se o dólar continuar caindo, as perdas cambiais tornarão os investimentos nos EUA menos atrativos, criando um ciclo de retroalimentação negativa. Desde 2017, aumentos e quedas no DXY tendem a ser seguidos por mudanças semelhantes nas compras líquidas de ações dos EUA por investidores estrangeiros (com um atraso de 11 meses). Depois das famílias e fundos mútuos dos EUA, os investidores estrangeiros são os terceiros maiores detentores de ações dos EUA, com uma participação de 17% em valor de mercado. Portanto, se os estrangeiros recuarem devido à má perspectiva do dólar americano, esse fator negativo pesará sobre as ações dos EUA.

Já o ouro segue como um importante instrumento de defesa das carteiras de investimentos globais. Em uma outra análise feita pela Gavekal, analistas nos mostram que quando a média móvel de 7 anos do preço do ouro cruza com o preço do S&P 500, tal evento se prova decisivo ao definir se o próximo ciclo tende a ser um mercado altista ou baixista.

Curiosamente, estamos em um momento em que os preços de ambos se encontraram novamente. Sabe-se que o S&P 500 vem de um longo "bull market". Assim, caso esta aproximação de preços se prove um rompimento, a análise aponta para a possibilidade do surgimento do tão aguardado "bear market" (mercado baixista).

Em uma semana que será marcada pela reunião do FED (quarta-feira), a decisão a ser tomada deverá impactar boa parte dos preços mencionados acima. Dependendo da reação dos agentes, saberemos qual é o ativo mais resiliente do momento: o ouro ou o S&P 500.

Marink Martins