Pessimismo excessivo!

21/07/2022

Em se tratando de um índice de ações, não há dúvidas de que, no longo prazo, a lucratividade das empresas que o constituem é um fator determinante em seu comportamento. Já no curto prazo, o posicionamento dos agentes ocupa um espaço mais importante.

Exploro este tema, pois há indícios no mercado internacional de que gestores de recursos e "hedge funds", embalados por um pessimismo excessivo, se posicionaram de forma extremamente "bearish" (pessimista) nos mercados. Como consequência, observamos um mercado mais leve em que o preço das ações de gigantes, como a Apple, não para de subir.

Esse tipo de comportamento visto nos mercados, embora raro, não é inusitado. Em março deste ano, observamos um forte "rally" nas bolsas globais (inclusive aqui no Brasil) que, a posteriori, provou-se fruto justamente de um excesso de pessimismo por parte dos agentes. Nos EUA, durante o marcante mercado baixista, que se iniciou no ano 2000 e se alongou até 2002, foi detectado uma série de "saltos" nos índices que, posteriormente, foram interpretados como "bear market rallies" (uma alta em um mercado baixista). O gráfico a seguir -- ilustrando o comportamento do índice NASDAQ durante esse período -- é ilustrativo desse fenômeno que aqui discuto:

Lembro-me bem de algumas destas quedas registradas em 2001. Todas pareciam ser a última de um ciclo, até que uma nova onda surgia.

De qualquer forma, o que busco transmitir aqui não é a convicção de que estamos diante de mais uma "bear market rally". Não tenho como saber. Mas sim, transmitir uma ideia de que estes movimentos podem ser bem intensos. E, curiosamente, estes movimentos tendem a ser mais intensos na parte final do movimento, como podemos ver no gráfico acima.

Para finalizar... tivemos nesta manhã de quinta-feira a revelação de que o Banco Central Europeu elevou sua taxa básica em 50 basis points. Além disso, a autoridade monetária divulgou que irá implementar medidas para conter o processo de fragmentação europeia (isto é, aumento no diferencial do custo do dinheiro entre a Alemanha e países considerados periféricos, como a Itália). No começo da semana relatei por aqui que a Gavekal se mantém cética com relação a essas medidas de fragmentação. Além disso, com a possível dissolução do parlamento na Itália -- resultante da saída do primeiro-ministro Mário Draghi-- cresce a possibilidade de que as eleições no país sejam antecipadas. Tudo isso contribui para uma percepção de maior fragilidade na Europa.

Marink Martins

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