Petrobras: efeitos não lineares

24/05/2022

Ontem foi um dia de fortes ajustes nas negociações de contratos de opções associados à Petrobras. O mercado se preparava para os efeitos da mega distribuição de dividendos (valor líquido de R$3,65) sobre o preço de exercício dos contratos. Neste sentido, é importante que o leitor saiba que o impacto ao subtrair este valor do preço de exercício de um contrato de 30 reais é diferente do impacto sobre um preço de exercício de 40 reais. Há um efeito não-linear que provoca distorções! E foi justamente isso que ocorreu ontem e que contribuiu para um comportamento atípico.

Já nesta terça-feira as ações da Petrobras não só estão ex-dividendos, mas também convivem com a incerteza da tão aguardada "canetada" do governo que promoveu mais uma substituição na presidência da empresa.

Há pouco tempo, o gestor Pedro Cerize disse algo importante: mais importante do que o volume de dividendos distribuídos por uma determinada empresa é a percepção de que estes irão continuar a crescer. E no caso da Petrobras, temos hoje muitas dúvidas a respeito dessa perspectiva.

Está certo que as ações da empresa negociam com um "valuation" super atrativo. No entanto, uma outra coisa que aprendi nos últimos meses -- ao ver o ocorrido com o preço das ações da russa Gazprom -- foi o seguinte: em se tratando de estatais não devemos dizer que um ativo está "caro" ou "barato". Como diz aquele que manda na economia do país: devemos respeitar o tempo da política.

Marink Martins

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