Quando um sussurro pode ser encarado como um grito

01/08/2022

No texto de hoje quero fazer um relato indireto, fruto de uma longa caminhada neste domingo ouvindo podcasts fascinantes, como o Trail Blazers, Freakonomics e outros. Em um determinado momento, já me voltando a podcasts locais, tive a oportunidade de ouvir Mesa Pra Quatro que nos trouxe uma entrevista com Fábio Coelho, atual responsável pela Google do Brasil.

Indo direto ao ponto... Fábio nos conta que, em 2015, no momento em que foi promovido ao atual cargo, recebeu um vinho e um bilhete de Larry Page (um dos fundadores da Google) que dizia: "a whisper is a shout!" (quando um sussurro pode ser encarado como um grito). Achei a frase interessante e, ao fazer uma busca no Google, vi que Page provavelmente a tomou emprestada de um artigo publicado no New York Times na mesma época.

A ideia por trás desta frase, conforme descrita por Fábio Coelho, é nos chamar atenção a respeito da responsabilidade associada ao cargo. Se você é um patrão, uma cara feia ou um próprio sussurro tende a ser bem mais consequente do que em outras épocas de menor responsabilidade corporativa. Na reportagem do New York Times é relatado um caso em que uma determinada funcionária passa horas de angústia após seu patrão dizer que precisava ter uma conversa com ela em uma data futura. Mais tarde, ao constatar que o teor da conversa não era tão importante assim, ela disse ao patrão: não faça mais isso, passei horas angustiada...

Na entrevista concedida a Dan Stulback no Mesa Pra Quatro, Fábio Coelho exalta também um tema muito importante, não só para a Google, mas para todo o mundo corporativo: a criação de uma boa reputação; de uma ética de trabalho. O executivo mostrou sua inquietude e luta por aprendizado ao nos contar que, ao longo de sua carreira, já passou por diversas multinacionais, dentre elas a Gillette, a Quaker Oats, o Citibank, a Bell South, a AT&T, e a Google. Neste sentido, deu uma dica também a aqueles que, por alguma razão, derraparam e vivem com problemas de reputação.

E para finalizar este texto que é um pouco mais distante dos temas de mercado, compartilho com vocês um gráfico ilustrativo do grau de sociabilidade tomando como base a sociedade americana. No eixo horizontal, temos a idade. Já no vertical, temos o número de minutos dedicados ao convívio com colegas de trabalho, amigos, filhos, família, parceiros e isolado.

O gráfico é baseado em médias e, ainda que os dados possam ser um pouco diferentes aqui no Brasil, ele nos mostra diversas tendências. Observe como o convívio com os colegas de trabalho "despenca" entre 50 e 60 anos de idade. E olha que esse gráfico foi preparado antes da pandemia -- um evento que alterou esta dinâmica para pior.

Com os avanços na medicina e uma maior longevidade, há quem diga que esta faixa etária (entre 50 e 60) pode representar um ponto médio na vida adulta. Se este for o caso, podemos interpretar esse gráfico de diversas formas. Para alguns pode ser um "call to action", para mudar a forma de viver. Para outros, pode ser uma clara evidência de oportunidades de negócios voltados a uma importante mudança demográfica que já se materializa. De uma forma ou de outra, investir é essencial! Não só seu dinheiro de forma oportuna, mas, mais importante, investir em formas de utilizar o nosso bem mais precioso (o tempo) de forma mais agradável.

Marink Martins

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