Que venham as manifestações!

03/09/2021

Enquanto nos preocupamos por aqui com possíveis repercussões de manifestações agendadas para o dia da independência do Brasil, o francês Louis Gave, fundador da Gavekal, se mostra bastante preocupado com manifestações francesas agendadas para ocorrer em Paris e em diversas outras províncias ao longo deste mês.

Por lá, entretanto, o tema diz respeito à criação de passaportes de vacinação que, na opinião do estrategista, poderá intensificar a escassez de mão-de-obra que aflige o mundo desenvolvido ocidental. Louis nos diz que um terço dos funcionários de saúde no país se posicionam contra a vacinação. Curiosamente, algo similar ocorre nos EUA onde 30% dos soldados e 40% dos fuzileiros navais também rejeitam a vacinação.


Enquanto aguardo ansiosamente a minha segunda vacinação, vou deixar o teor político deste debate de lado e focar na questão econômica. Neste sentido, está claro que estamos observando situações de escassez por todos os lados.


Da notória escassez de semicondutores -- que para a Gavekal é algo com características estruturais -- até o déficit do petróleo, vivemos em um mundo sujeito a choques de oferta. É de deixar qualquer um perplexo o fato do preço dos contêineres ter triplicado e, mesmo assim, a economia global caminhar como se nada estivesse acontecendo.


Como justificar tamanho desequilíbrio? Bem, a resposta, na verdade, é um tanto óbvia. O fato é que toda esta escassez está sendo contrabalançada pela abundância de dinheiro nos EUA e pelo excesso de complacência dos agentes. O problema é que estamos nos aproximando ao que é conhecido como ponto de inflexão, ou ponto de virada. E isso, por si só, é um clamor por LONG VOL ("compra de volatilidade").


Tenha um ótimo fim de semana,


Marink Martins


P.S. Aproveito aqui para compartilhar que o saldo da conta TGA ("Treasury General Account") caiu na última semana para 277 bilhões de dólares. Janet Yellen já sinalizou que o saldo normalizado desta conta deve ficar próximo a 700 bilhões de dólares. Por isso, uma recapitalização desta conta é algo iminente. Para isso, entretanto, é necessário que os EUA resolvam suas questões relacionadas ao "debt ceiling" (teto do endividamento).

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