Reminiscências de 2018

20/06/2022

Há semelhanças entre o momento atual e o ocorrido no segundo semestre de 2018! Neste sentido, podemos mencionar as incertezas associadas à Petrobras em conjunto com as incertezas relacionadas ao aperto monetário promovido pelo FED naquela ocasião. A grande diferença -- conhecida de todos -- é a persistente inflação.

Inflação esta que, além de persistente, é perversa com a camada mais pobre da sociedade global. E isso vem promovendo reações em todo o mundo. Na França, Macron não conseguiu a maioria no congresso do país. Ainda que tal evento não esteja fazendo preço hoje, é algo que deixa a União Europeia mais fragilizada. É tempo de fragmentação por lá. Na semana passada, os spreads entre os títulos alemães e os italianos abriram. Tal movimento foi revertido através de uma "canetada" do BCE. Mas, até quando?

Em um passado distante, os problemas europeus foram resolvidos através de uma postura "Whatever it takes" (faremos o que for necessário) imposta pelo italiano Mario Draghi que, na ocasião, estava à frente do BCE. Agora, com a inflação nas alturas, cabe ao próprio Draghi, hoje primeiro-ministro da Itália, resolver os problemas resultantes de sua própria ousadia.

De acordo com Louis-Vincent Gave, o BCE deveria oferecer uma espécie de seguro contra o colapso do euro. O estrategista pensa que seria uma solução mais eficiente e mais barata em termos relativos a alternativa de ter o BCE imprimindo dinheiro e comprando títulos italianos, gregos e outros.

Estamos definitivamente em um BEAR MARKET e pode ser bem mais doloroso do que muitos pensam. Observe a tabela abaixo, preparada pelo analista Ben Carlson. Nela observamos que, em mercados baixistas -- partindo de momentos em que a queda acumulada do índice S&P 500 (entre a máxima registrada e o momento atual) foi superior a 20% -- os movimentos de quedas tendem a se acelerar e o prazo (em meses) de recuperação tende a ser de um pouco mais de 2 anos.

No entanto, há uma ressalva importante! Nunca na história tivemos um momento em que a participação das pessoas físicas nas bolsas foi tão elevada. Para piorar, a dupla BC / Tesouro (em boa parte do mundo) parece estar de mãos atadas em meio ao cenário inflacionário. Dito tudo isso, tem muito ativo ficando a preços convidativos. Entenda que, além de paciência, é muito importante que o investidor resista à tentação de alavancar demais. Os mercadores certamente irão "balançar a roseira" para testar sua capacidade de carrego!!!

Marink Martins

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