Super QUARTA dos céticos!

16/06/2021

Para esta super quarta-feira contendo reunião do COPOM, do FED, encontro entre Biden e Putin, vencimento de contratos futuros do IBOV, reservei para você uma edição especial daquele ceticismo que você já conhece.

Tudo começa em Pindorama - nome dado ao maior país da América Latina pelos povos do grupo Tupi-Guarani. Por lá, querem porque querem, marcar um gol chamado privatização. Para isso, tentam de todas as formas privatizar a Eletrobras, mesmo que para isso, tenham que fazer dois gols-contra: um contra o bolso do consumidor, outro contra o necessário movimento ESG.

(Aqui um adendo: a minha passagem, como responsável pela área de acesso corporativo da ICAP, permitiu muita interação com a turma da consultoria PSR do Mário Veiga (referência no setor elétrico). O que eu tenho lido recentemente não me diz que, os que os mais entendem do assunto, estejam gostando do que estão observando a respeito desta privatização).

Neste mesmo lugar pitoresco, seus líderes se aproveitam de uma melhora fiscal -- fruto de dividendos inflacionários e manobras feitas para que o "teto dos gastos" não fosse furado - para transformar o que antes era chamado de auxílio emergencial em algo que deverá ser permanente.

Como dizia o mais cético de todos (Friedman): "nada é tão permanente como um programa temporário feito por governos". E se este governo estiver abaixo do Rio Grande, aí já viu!

Essa turma de Pindorama é tão boa que, além de soja, passaram a exportar, com muita eficiência, um processo político, hoje conhecido como "latinização".

Os chineses do PCC fazem o que podem para evitar a entrada deste "processo" em seu país. Já os americanos e europeus os recebem com um sorriso biden-macroniano.

Como filho do processo de "latinização", temos um outro que talvez seja ainda mais relevante. Chama-se: "desglobalização".

O fato é que a China foi muito útil ao ocidente, contribuindo para a criação de executivos bilionários e empresas trilionárias. Mas, como dizia a turma do Los Hermanos: "todo carnaval tem seu fim".

O encontro entre Biden e Putin pode até a vir ser considerado um "non-event" pela mídia, mas penso que seja ilusório acreditar que, nesta altura do campeonato - com a Rússia se tornando o principal parceiro comercial da China - haja espaço para camaradagem entre americanos e russos.

Não devemos esquecer que os russos ressentem a aprovação da lei Magnitsky de 2012 que foi extremamente cruel aos bolsos de muitos corruptos daquele país que estavam envolvidos no assassinato de Sergei Magnitsky. Tal lei fora aprovada no governo Obama/Biden!

Assim, dizem os céticos, que o mundo que realmente importa hoje em dia é aquele chamado de Indo-Pacífico (da costa da África até a costa da Califórnia). Neste sentido, a postura isolacionista do "cabeleira" que deixou de lado o "Trans Pacific Partnership" (TPP) ao assumir os EUA em 2016, abriu espaço para a formação do maior acordo de livre comércio do mundo chamado de "Regional Comprehensive Economic Parnership" (RCEP).

Enciumados por estarem de fora, os americanos tentam, de todos as formas, recuperar o tempo perdido. Neste sentido, optaram por fortalecer um grupo formado em 2007 que atende pelo nome de QUAD. Além dos EUA, este grupo conta com os "insights" de japoneses, indianos e australianos. Podemos dizer que se trata de um grupo que mantém, seja no presente ou no passado, uma relação bipolar com os chineses.

Agora, para não transformar essas linhas em um livro, vou concluir com um alerta bem objetivo. Enquanto a mídia se esforça para transmitir uma ideia de que a pandemia está acabando, há problemas sérios ocorrendo nas regiões de portuárias da China. A região de Guangdong, responsável por 25% da exportação do país, está vivenciando uma onda de Covid que vem afetando negativamente suas atividades.

O mais importante é que isso ocorre em um momento em que o custo do transporte marítimo de containers está disparando, subindo mais de 100% em relação aos níveis registrados em 2019.

Com 90% do comércio global ocorrendo por vias marítimas, e com diversos distúrbios nas cadeias de suprimentos globais, como podem os índices de bolsas de valores ocidentais estarem nas máximas?

Há falta de água no país dos semicondutores (Taiwan). Há falta de água no país das águas (Brasil). ESG, se levado a sério, tende a ser inflacionário!

Dá-lhe FED, dá-lhe ECB!!! Vai lá RCN, mostre sua independência e salve Pindorama dos populistas!!!

Marink Martins   

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