Temas para reflexão!

11/05/2022

Em 2008, como consequência do pedido de concordata feito pelo Banco Lehman Brothers no dia 15/9, o fundo de "money market" Reserve Primary "broke the buck"; isto é, seu valor patrimonial líquido por cota caiu abaixo de US$1 -- um evento que forçou sua liquidação e gerou graves consequências ao mercado de capitais.

Nesta semana, no mundo das criptomoedas, o responsável por esta façanha foi uma "Stable Coin" -- um ativo, chamado pelo mercado de moeda que, em tese, deveria manter seu valor estável em relação ao dólar americano. No entanto, o que vimos, foi um colapso de aproximadamente 50%.

Estes dois eventos são bem distintos; não só em magnitude, mas também em suas ramificações. Sabe-se que no mundo fiduciário (o mundo que atuamos) há cobertura de um fundo garantidor de crédito. Nos EUA, temos o FDIC. Aqui no Brasil, o FGC. Já no mundo das criptomoedas, tal garantia é inexistente.

Ninguém espera por uma corrida bancária, ou mesmo uma recessão econômica, em função deste evento. No entanto, poucos duvidam que a instabilidade da dita "Stable Coin" é um enorme golpe na credibilidade em um mercado cujo valor total de ativos está próximo de 1,5 trilhão de dólares. Aos curiosos, vale lembrar que o total de ativos do Banco Lehman Brothers era ligeiramente superior a 600 bilhões de dólares.

É no mínimo curioso o fato de que algumas das ideias e iniciativas notáveis dos últimos anos -- finanças descentralizadas ("defi") e processos de descarbonização (ESG) -- estejam enfrentando dificuldades nos últimos meses.

Será que tudo isso irá passar sem grandes consequências ao mundo das criptomoedas? O fato é que, no mundo das trocas econômicas, todos os ativos estão de alguma forma conectados. Talvez este caso da "Stable Coin" seja somente um arranhão. Ou não!

Marink Martins

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