Uma bizarrice chamada "Melt Up"
Pedi ao Google Tradutor para traduzir a expressão "Melt Up" e ele me deixou na mão. Então fui ao ChatGPT que foi mais preciso:
"A tradução de "melt-up" em português seria algo como "alta acelerada" ou "subida repentina". Refere-se a um aumento rápido e inesperado nos preços das ações, causado principalmente por um sentimento de pânico ou medo de perder oportunidades, em vez de fundamentos econômicos sólidos."
O fato é que tal expressão é uma bizarrice criada no mercado financeiro. Seu significado se apoia na existência do seu oposto "Melt Down", que é uma excelente descrição do que ocorre com o patrimônio das famílias quando os preços das ações despencam.
Abordo este tema, pois a expressão vem sendo utilizada com mais frequência ao longo dos últimos 10 anos, conforme podemos observar no gráfico abaixo ilustrando o "interesse ao longo do tempo" registrado através da ferramenta Google Trends.
Ainda que o maior uso possa parecer óbvio em meio ao longo "Bull Market" vivenciado nos EUA, a expressão "Melt Up" busca descrever um certo tipo de movimento de valorização que traz consigo uma particularidade. Refere-se a uma espécie de "espreme" daqueles que estão apostando justamente na direção oposta; os "vendidos". O movimento parece ocorrer de forma contra-intuitiva e persistente, podendo durar por diversos dias ou, até mesmo, semanas. Nos dias de hoje me surpreendo cada vez menos ao ler manchetes com títulos que dão destaque ao número de dias de altas consecutivas associadas ao Nasdaq 100 ou ao S&P 500.
E é justamente um "Melt Up" que parece estar em curso nestes dias que antecedem a importante reunião do FED marcada para amanhã, dia 18/9. Curiosamente, o índice S&P 500 registrou uma queda um tanto assustadora na semana que terminou no dia 6 de setembro. Na semana seguinte, mesmo diante de um salto nas pesquisas apontando para uma maior chance de eleição de Kamala Harris (após o debate), o mercado embarcou em uma sequência de alta impressionante que deverá se estender no dia de hoje.
Se na eleição de 1992 a única coisa que importava era a economia (pensando aqui na famosa frase de James Carville "It is the economy, stupid"), na eleição deste ano o "Efeito Riqueza" (em inglês, "Wealth Effect") é tudo que parece importar. O poder incumbente simplesmente não pode deixar de forma alguma que os índices de ações entrem em "Melt Down". Assim, para evitar a ocorrência de tal fenômeno, promovem um "Melt Up" de forma coordenada.
Eu sei que o argumento acima parece mais uma mania de perseguição ou vitimização de um "trader" mal posicionado no mercado. Pode até ser. Todavia, foi notória a virada vista no mercado no exato momento em que o CEO da Nvidia (Jensen Huang) falou no evento da Goldman Sachs na última quarta-feira. E, mais importante, hoje a CNBC parece ter "virado a mão" no que diz respeito à China. Nesta manhã a mídia financeira publicou uma série de notícias favoráveis a uma virada mais positiva nos preços das ações chinesas.
O fato é que lutar contra a tendência, seja ela de "Melt up" ou "Melt Down", pode ser algo insensato. Ajuste-se.
Marink Martins