Uma guerra comercial a todo vapor!

22/09/2019

Nos últimos meses o governo americano vem impondo uma série de restrições a diversas empresas chinesas. Ontem, em entrevista concedida a CNBC, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, intensificou os críticas ao comportamento chinês no que tange o uso de propriedade intelectual e transferência forçada de tecnologia. Neste texto busco atualizar o leitor a respeito de algumas medidas norte-americanas que visam restringir os avanços chineses.

No ano passado entidades governamentais norte-americanas convergiram para um entendimento de que a China passou a representar uma ameaça a soberania tecnológica dos EUA. Consequentemente, o governo Trump se comprometeu a impor restrições visando limitar de forma agressiva o desenvolvimento tecnológico chinês em diversas frentes.


Gravei um áudio de 11 minutos abordando o cenário econômico global. Confira ao clicar no botão abaixo. 

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Neste sentido, três importantes empresas chinesas - ZTE, Fujian Jinhua e Huawei - foram acusadas de atuar de forma ilegal, contrária aos interesses norte-americanos. Além disso, o governo americano vem colocando em práticas diversas iniciativas com o objetivo de frear o ímpeto tecnológico chinês. Em destaque, são elas:

  • Restrições a investimentos chineses alegando que eles representam uma ameaça a soberania nacional americana. Com isso, os investimentos direto oriundos da China (FDI) colapsaram 80% em 2018.
  • "China Initiative" - lançado pelo Departamento de Justiça dos EUA em novembro de 2018 visando intensificar as investigações relacionadas a empresas chinesas, aumentando a burocracia e litígios.
  • Restrições a exportações - O mais importante de todos. Esta é a principal ferramenta em uso para restringir a transferência de tecnologia americana aos chineses. Foi através deste mecanismo que o governo americano limitou a atuação das empresas chinesas supramencionadas.

No que diz respeito ao terceiro mecanismo - restrições a exportações - é importante destacar que é considerado exportação qualquer transferência de conhecimento que possa colocar em risco a soberania do país. Isso inclui possíveis restrições ao uso de mão-de-obra estrangeira por empresas americanas.

Existem outras maneiras de infligir dor as empresas chinesas. Existe a possibilidade de impor sanções financeiras a empresas e indivíduos chineses através do que é conhecido como Magnitsky Act.

Para piorar, existem também rumores de que o governo americano poderá limitar o acesso ao mercado de capitais a empresas chinesas. Há legislações que, se aprovadas, forçarão um maior nível de "disclosure" por parte das empresas chinesas, tornando o acesso ao mercado americano praticamente inviável. Um outro objetivo visa limitar o financiamento de empresas chinesas por parte de fundos de pensão dos EUA.

No curto prazo tudo isso tende a ser devastador para empresas chinesas. No longo prazo, a China deverá continuar avançando, pois é muito difícil conter o desenvolvimento tecnológico. Vale destacar, entretanto, que há custos significativos para as empresas americanas. No ano passado o crescimento de receita das empresas americanas na China foi de 20%. Abrir mão de um mercado promissor como o chinês é algo que, sem dúvida alguma, deverá impactar negativamente a rentabilidade das empresas no longo prazo, e com isso representará um risco para a continuidade do longo ciclo de expansão econômica do país.

Marink Martins 

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