Uma semana potencialmente capciosa

30/08/2021

No gráfico acima temos um histórico da inflação dos últimos 6 meses nos EUA de forma anualizada. A transitoriedade deste aumento de preços é a grande questão que afeta os mercados. 

Entramos na última semana de férias do verão americano. Uma em que muitos dos agentes aproveitam para viajar com a família e resolver pendências antes do início das aulas. Por isso, diante da expectativa de um volume negociado mais baixo, é possível vermos oscilações um pouco mais bruscas.

Como exaustivamente mencionado por aqui, os meses de agosto, setembro e outubro reservam uma maior volatilidade em termos históricos. Neste sentido, o mês de agosto não decepcionou. Caminhamos para seus últimos dias tendo vivenciado uma amplitude superior a 10.000 pontos no Ibovespa e uma incômoda "underperformance" em relação aos índices de bolsa dos EUA.


No entanto, quando refletimos a respeito do que está por vir, penso que não há razões para baixar a guarda. Acredito que o VOL tende a se manter elevado devido a algumas questões. Dentre elas, enumero algumas que julgo importantes:


1. Dados do desemprego nos EUA referente ao mês de agosto ("Payroll") - estes dados serão divulgados na próxima sexta-feira, dia 3/9, e serão chave para sabermos se a redução dos estímulos monetários ("tapering") ocorrerá de forma mais rápida ou não.


2. Debate na China a respeito da política de "Zero-Covid"-- sabe-se que a China vem perseguindo uma postura extremamente austera no que diz respeito a covid. Como vimos recentemente, basta um funcionário de um porto ser contaminado e toda a operação é suspensa. Neste sentido, a Gavekal nos diz que há a possibilidade de uma flexibilização nesta postura. Algo que, se materializado, poderá trazer ramificações positivas para ativos de mercados emergentes.


3. Reunião da OPEP -- a esta altura já está claro para muitos que o FED não fará nada para desinflar a bolha de ativos. Sendo assim, uma possível alta no preço dos combustíveis passa a ser o principal vilão com potencial de alterar o status quo. Como diz o estrategista Charles Gave: com exceção do estouro da bolha do Nasdaq, as recessões normalmente ocorrem devido ao aumento no preço dos combustíveis. Aqui vale mencionar que o estrategista Jeffrey Currie, da Goldman Sachs, nos diz que o mercado de petróleo vive um período de déficit em que a demanda está bem maior do que a oferta. Currie acredita que o preço do petróleo Brent atingirá um patamar superior a 80 dólares no fim deste ano, podendo bater 100 dólares caso algum evento disruptivo ocorra nos próximos meses.


4. Decisões políticas locais -- aqui temos inúmeras decisões com potencial de fazer oscilar os preços dos ativos. Decisões associadas aos precatórios, a crise hídrica, a crise institucional, e outros temas serão tomadas em breve.

Por tudo isso, aqueles mais ligados nas oscilações de curto prazo deverão ser táticos, se mantendo ciente de que os lucros auferidos em um trade poderão ir embora rapidamente diante de uma próxima notícia adversa. Já aqueles mais ligados no longo prazo, poderão ser seletivos e pacientes, aguardando pechinchas que poderão surgir em meio a desfechos desfavoráveis associados aos temas discutidos.

Marink Martins

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