A atual estabilidade do mercado americano é insustentável!

13/10/2017

Utilizando a analogia de um conta-giro automotivo para representar o VIX, pode-se dizer que ele está tão baixo que, ou o "motor do carro" morre, ou acelera. A primeira alternativa está fora de questão.

Antes que você descarte a minha colocação como uma simples tentativa de chamar atenção com um frase assertiva e chocante, deixe eu me explicar. Prometo ser breve.

No início de outubro expliquei novamente em meus Comentários o porquê de um VIX (medida de volatilidade do índice S&P 500) tão baixo. (você pode ler ao clicar aqui: https://www.myvol.com.br/l/o-porque-de-um-vix-tao-baixo/). Em suma, eu demonstro que, apesar de um declínio na volatilidade nos preços das ações que compõem o índice S&P 500, o fator que mais vem contribuindo para uma queda neste índice é a baixa correlação entre as partes.

Ontem tivemos um bom exemplo deste movimento. Ao divulgar seu resultado do terceiro trimestre, o Citigroup superou as expectativas registradas por analistas em diversas consultas prévias (consenso de mercado). Mesmo assim, o preço de suas ações caiu 3,4%, levando consigo outros participantes do setor bancário americano como o JP Morgan, o Wells Fargo e o Goldman Sachs. No geral, o XLF, uma cesta de ações representando o setor bancário, caiu 0.76%. A queda no preço das ações do Citi não chegou a ser uma surpresa, pois, como muito bem colocado por Jim Cramer no início desta semana, o mercado americano está precificado para a perfeição. Qualquer desvio irá gerar frustração entre investidores.

Notem, entretanto, através da tabela abaixo, que tal queda no XLF foi rapidamente anulada por um combinação de alta em outros setores como o de energia (XLRE) e o industrial (XLI). Embora isso tenha acontecido ontem, este é um comportamento que vem se repetindo, de forma que a oscilação do índice S&P 500 tem sido praticamente nula.

Mas e aí? Por que tal situação seria insustentável?

O gráfico abaixo, ilustrando o KCJ, uma medida da correlação implícita entre as ações do índice S&P 500, não para de registrar mínima após mínima, entrando em um terreno abaixo de 20%, nunca antes registrado desde a data em que tal indicador começou a ser divulgado pelo CBOE (Chicago Board Options Exchange). Para um fã de Taleb, como afirmo ser, afirmar que algo não pode ocorrer pelo simples fato de não ter ocorrido no passado, seria um erro gravíssimo. Mas tal situação diverge de um jogar de dados. Tal medida, cuja média é de 60%, vem caindo de forma consistente desde a eleição de Trump, e atualmente encontra-se em 17%.

Vivemos o maior movimento de rotação setorial já visto na história. É possível que tal movimento persista? Sim. Porém, é pouco provável que ocorra com tamanha intensidade diante de um período que será marcado por divulgação de resultados e ansiedade com relação a uma possível elevação da taxa do fed funds em dezembro deste ano. Isso, entretanto, não quer dizer que o mercado tenha que cair. Muitos falam de um iminente Melt down (uma queda expressiva), mas esquecem da possibilidade de um Melt up (uma alta expressiva). 

O meu ponto é que o marasmo visto nos últimos dias está com os dias contados.

Reiterando:  Utilizando a analogia de um conta-giro automotivo para representar o VIX, pode-se dizer que ele está tão baixo que, ou o "motor do carro" morre, ou acelera. A primeira alternativa está fora de questão.

Marink Martins, CNPI

www.myvol.com.br