A bolsa americana não está tão cara quanto muitos analistas afirmam!

16/10/2018

Aqueles que clamam por um "market crash" nos índices de ações norte-americanos normalmente o fazem utilizando como argumento o fato das principais ações do país negociarem a um múltiplo um tanto "esticado".

Tal afirmação normalmente baseia-se em uma análise da relação Preço/Lucro do índice S&P 500 tomando como base o lucro projetado para os próximos 12 meses das empresas que compõem o índice. Historicamente, tal relação se manteve um pouco abaixo de 15x; hoje está em 17x, o que, na minha opinião, não chega nem perto do que testemunhamos na famosa bolha do Nasdaq no fim dos anos 90.

Uma outra métrica muito difundida é a análise de um índice conhecido como CAPE Ratio (em inglês, "Cyclically adjusted Price-to-Earnings Ratio", também conhecido como Shiller P/E, em homenagem ao seu criador, o professor Robert Shiller). Para se chegar a este indicador, calcula-se o P/L sendo que o "L" (Lucro) passa a ser uma média móvel do lucro dos últimos 10 anos corrigido pela inflação.

Como podemos ver no gráfico histórico do CAPE Ratio, tal métrica encontra-se, aparentemente, em um patamar um tanto elevado.

Entretanto, algo está para acontecer que deverá mudar de forma significativa a interpretação intuitiva obtida ao ver o gráfico acima.

Estamos a 10 anos da crise de 2008, um ano que ficou marcado por uma queda expressiva na lucratividade das empresas norte-americanas.

Com a passagem para 2019, o "L" obtido em 2008 será descartado da série histórica utilizada para o cálculo do CAPE Ratio. Com a saída de um "L" baixíssimo e a entrada de um "L" expressivo referente ao ano de 2018 ("estima-se US$163 como lucro agregado para as empresas do S&P 500), chega-se a um novo CAPE Ratio com uma configuração bem mais interessante, bem mais convidativa.

A casa de pesquisa Stansberry Research fez tal simulação e chegou ao seguinte gráfico projetado para o CAPE Ratio:

Sabe-se que o gráfico nada mais é do que uma tentativa de descrevermos a realidade. É possível que a única coisa que esta transição descrita neste texto venha a provar seja as limitações impostas por esta métrica desenvolvida pelo professor Shiller.

De qualquer forma, temos aqui, através deste CAPE Ratio Projetado, algo que confirma a tese inicial já indicada pela mais tradicional relação de P/L Projetada: a bolsa americana não está tão cara como muitos analistas afirmam.

Marink Martins 

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