A busca pelo "hedge" perfeito

Em um mundo onde muitos acreditam existir uma bolha em ativos de "renda fixa" (confesso me sentir desconfortável ao fazer esta afirmação; não pela menção de uma bolha, mas sim pela classificação "renda fixa"), fica difícil saber que classe de ativos poderá oferecer proteção aos investidores em renda variável. Ativos metálicos como o ouro e a prata surgem como alternativa, mas não são capazes de gerar aquele rendimento mensal com o qual os investidores se acostumaram ao longo dos últimos anos.

Há quem acredite que a resposta a esta busca possa estar contida no próprio mundo da renda variável. Mais especificamente através de ativos associados ao setor de energia que, como podemos ver no gráfico abaixo, se provaram os "micos" desta década em curso:

No gráfico acima temos a performance relativa dos diversos setores dentro do índice S&P 500. Observe que a linha verde escura (queda de 20,61% no período) refere-se ao setor de energia. Já a linha verde clara (alta de 145% no período) refere-se ao setor de tecnologia.

Refiro-me aqui a ações de empresas do setor de exploração e produção como as petrolíferas Exxon, Shell, Total, Petrobras, Petrochina e muitas outras. Eventos como a revolução do "shale oil/gas", o surgimento de novas tecnologias e a economia de compartilhamento vem contribuindo para uma redução significativa nos investimentos deste setor. Além disso, o receio de uma recessão global contribui para a continuidade da "underperformance" vista acima.

Entretanto, há quem veja oportunidades neste setor. Além de exibir múltiplos convidativos, há um potencial disruptivo no oriente médio capaz de fazer com que o equilíbrio no mercado de energia seja desestabilizado de forma súbita, gerando retornos significativos para aqueles se posicionarem antecipadamente. Esta premissa está longe de representar um consenso, mas se apresenta como uma alternativa para aqueles que procuram uma espécie de "hedge" (proteção) para estacionar seus recursos em meio as incertezas atuais.

Há alguns meses gravei um vídeo sobre o tema que você pode acessar clicando aqui. De lá para cá, gravei um outro explorando a questão do IMO 2020 que deverá ocupar um maior espaço na mídia financeira nos próximos meses com possíveis impactos na precificação do petróleo.

Marink Martins