A China e suas adversidades

O gigante asiático vive as consequências de um país que investiu demais em capacidade de produção. Neste momento, faltam recursos e sobra "deflação". Os últimos dados divulgados apontam para uma forte contração dos investimentos em ativos fixos -- algo só visto durante o período pandêmico. Houve queda, não só na área de construção civil, mas também na área de investimentos em infraestrutura. O fato é que as províncias locais já estão com seus caixas debilitados.
Ganha força na China um movimento de combate ao que eles vem descrevendo como competição desordenada. Apresentada como um esforço contra a competição de preços predatória, na prática a medida visa reduzir investimentos em capacidade industrial excessiva — o que acaba por frear o investimento de forma geral.
No lado positivo, as exportações de carros elétricos não param de crescer, tendo atingido recentemente um ritmo anualizado de 7,7 milhões de veículos, equivalentes a US$135 bilhões, no segundo trimestre.
Há uma clara mudança comportamental associada à forma de consumir ocorrendo por lá. Os consumidores chineses estão priorizando cada vez mais os gastos em serviços, incluindo o turismo doméstico. Os investimentos feitos em transporte ferroviário de alta velocidade vem transformando a forma como os chineses viajam. Há também quem diga que a China entrou na meia-idade.
Em meio a tudo isso, os estrangeiros continuam em busca de oportunidades de investimentos na região. As ações de empresas chinesas listadas em Hong Kong já sobem mais de 20% no ano. Vale lembrar que não faz muito tempo que investidores ocidentais questionavam se a China era de fato "investível". E neste sentido, vale aqui resgatar uma frase dita por Louis Gave ao longo da semana: é justamente na transição do pessimismo para o mero ceticismo dos investidores que os mercados emergentes geram os melhores retornos.
Marink Martins