A eleição presidencial e o grande evento de 2020

28/10/2020

Confesso que, se fosse me dado o poder de decidir o resultado das eleições nos EUA (presidência e congresso), eu teria dificuldades para escolher um resultado, pois não consigo enxergar aqueles cenários binários clássicos. Uma vitória de Biden, em tese, deveria contribuir para uma queda nas bolsas, mas há quem diga justamente o contrário.

Um cenário de ONDA AZUL (domínio democrata na presidência e congresso), na minha opinião, é péssimo para os EUA. Todavia, há quem diga que este seria o melhor cenário para as bolsas no curto prazo, pois facilitaria a aprovação de novos estímulos.

Por tudo isso, reitero que o melhor a ser feito é manter liquidez elevada buscando tirar proveito de oportunidades táticas.

Se, porventura, os mercados caírem de forma expressiva nos próximos dias, não devemos esquecer que, no dia 5/11, as ações do Ant Group (maior IPO do ano, US$34 bi, listagem dupla em HK e Xangai) começam a negociar.

Observe que este é um evento de enorme importância para Xi Jinping e para o partido comunista chinês. Nunca uma operação deste porte foi precificada fora de Nova York. Sendo assim, creio que a presença de um "CHAPA VERMELHA" não deve ser ignorada.

Louis Gave, fundador da Gavekal, considera que o IPO do Ant Group, em conjunto com o lançamento do renminbi digital, representam os eventos mais marcantes deste ano. Louis chega a comparar tais eventos com o lançamento do Iphone em 2007.

O estrategista nos diz que, assim como o desenvolvimento do Iphone permitiu com que Apple crescesse em um segmento ignorado pela dominante Microsoft, os eventos acima permitirão que a moeda chinesa se desenvolva driblando o sistema americano de pagamentos internacionais conhecido como SWIFT.

A opinião de Gave certamente é enviesada. Pudera! O cara foi para a China em 1999. Testemunhou uma enorme criação de riqueza. Durante o período não faltou quem viesse com previsões catastróficas de um iminente colapso do sistema econômico chinês.

Os críticos apontam para as fragilidades de um modelo econômico baseado em crescente endividamento público. Além disso, questões demográficas associados a uma população que envelhece rapidamente não ajudam.

O grande embate entre EUA e China talvez esteja ligado a questão da produtividade. Que país será o mais produtivo nos próximos 15 anos?

Não devemos ignorar que a China vem formando mais engenheiros do que os EUA em uma razão de 10 para 1. Hoje, já há mais bilionários na Ásia do que nas Américas.

De qualquer forma, sabe-se que os americanos não só estão a frente, do ponto de vista tecnológico, mas possuem uma capacidade de destruição incontestável. Basta ver o que eles fizeram com as empresas chinesas ZTE, Fujian Jinhua, e, mais recentemente, com a Huawei.

Concluo este comentário retomando a dúvida estabelecida no primeiro parágrafo (quanto a eleição nos EUA). Como o meu horizonte de tempo de investimentos é curto, não tenho a clareza necessária para uma escolha que possa apresentar ganhos mais fáceis. Contudo, caso a opção de escolha fosse dada aos chineses, não tenho a menor dúvida que eles escolheriam uma ONDA SUPER AZUL. Afinal, para a moeda americana tal onda poderá resultar em um "caldo" de uns 3 anos de duração digno daqueles tomados por surfistas nas ondas gigantes de Nazaré, Portugal.

Marink Martins 

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