A hora do "Carry Trade"

09/12/2019

Se você vem acompanhando os meus últimos textos, já deve ter percebido que venho dedicando bastante tempo argumentando que a moeda norte-americana tende a se enfraquecer ao longo dos próximos meses.

Bem, o movimento já está em curso. Existem diversas razões para isso. Seguem algumas:

  • Redução no atrito entre EUA e a China
  • Redução no risco de um BREXIT sem acordo
  • Disputa eleitoral nos EUA
  • Provável "underperformance" dos ativos norte-americanos nos próximos meses

A razão mais importante, porém, é o fato de que, pela primeira vez nesta década, os EUA estão promovendo estímulos fiscais e monetários de forma simultânea. Além disso, os estímulos monetários americanos (QE4) são maiores do que aqueles em curso na Europa e no Japão. E isso, é negativo para o dólar!

Dito isso, por que acho que o REAL tende a se beneficiar?

Uma das razões é pelo fato de acreditar que o momento seja extremamente propício para a realização de um CARRY TRADE - uma operação onde toma-se recursos emprestados em moeda forte de baixo custo de carregamento e emprega-se tais recursos em ativos denominados em moedas mais especulativas, como o Real.

Esta é uma operação comum e colocada em prática constantemente ao redor do mundo.

Observe no gráfico abaixo a performance do CARRY TRADE onde se investiu recursos denominados em dólares em ativos denominados em  moedas asiáticas. 

As barras azuis referem-se ao retorno do CARRY TRADE enquanto as barras vermelhas referem-se aos retornos cambiais das respectivas moedas versus o dólar americano. Os pontos pretos representam o retorno total (Carry trade menos a desvalorização cambial). No gráfico acima o destaque vai para as moedas da Indonésia (IDR) e da Índia (INR).

Entretanto, você deve lembrar de um comentário recente em que falo sobre problemas estruturais na Índia. Pois é, acredito que tais problemas sejam benéficos ao Brasil que se apresenta como uma melhor alternativa para oportunidades de CARRY TRADE.

Bem, o movimento já se iniciou. O real se valorizou de forma expressiva nos últimos dias. Embora a trajetória cambial seja um tanto "nervosa", creio que há fortes indícios de que este movimento seja um com características estruturais e globais.

Marink Martins

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