Abundância ou escassez de dólares, eis a questão?

04/06/2020

No mercado há sempre o que você vê e o que você não vê. Hoje, um dos temas mais comentados no mercado é o excesso de liquidez fornecido pelos bancos centrais. Ciente disso, o governo brasileiro tirou proveito desta conjuntura e emitiu títulos no valor de US$3,5 bi com prazos de 5 anos e 10 anos a taxas bem interessantes; 3% e 4% ao ano, respectivamente.

Que este excesso de liquidez vem impulsionando as bolsas de valores não é novidade alguma. O indicador conhecido como base monetária internacional - dólares em circulação somados ao saldo dos demais bancos centrais no FED - não para de crescer, como podemos observar através do gráfico abaixo.

Historicamente, em momentos de expansão desta base monetária diferenciada, ações de empresas em mercados emergentes tendem a performar muito bem. E é isso mesmo que estamos testemunhando nos últimos dias.

Contudo, nem tudo são flores. Os governos, tanto dos EUA como da União Europeia, em breve irão sugar grande parte da liquidez dos mercados. Há quem acredite que o FED deverá ser forçado a embarcar em novos programas de expansão monetária justamente para dar conta desta mega oferta de títulos que virá ao mercado.

E é justamente por isso que, aqueles que tem acesso ao mercado internacional, estão correndo para aproveitar esta janela de oportunidade de captação. Além do governo brasileiro, a Petrobras andou captando recursos nos últimos dias.

No segundo semestre a situação de liquidez poderá ser distinta, apontam os céticos. Estrategistas como Raoul Paul, do site RealVision, não cansam de nos chamar atenção de que nos próximos meses diversas empresas globais -- aquelas expostas ao endividamento dolarizado - poderão sofrer em meio a um dólar mais escasso.

Neste exato momento tal preocupação não parece estar afetando os mercados. Se é um caso de miopia acentuada dos agentes ou não, só o tempo irá dizer. Mas, de forma reducionista, tudo nos leva a crer o seguinte:

DXY < 99,5 - Risk ON (mercado altista)

DXY > 99,5 - Risk OFF (mercado baixista)

Marink Martins

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