Alocação de Recursos

30/06/2017

Sobre a alocação de recursos para aqueles entre 20 e 39 anos de idade (Parte 2) 

Dando continuidade ao tema discutido ontem (ver abaixo), dois dos meus favoritos gurus, o comentarista da CNBC Jim Cramer e o matemático Ed Thorp, parecem concordar no que deve ser o ponto de partida para investidores que não estejam familiarizados com o mercado de ações. Ambos recomendam que tais investidores devam atuar de forma diversificada e, por isso, devam iniciar sua trajetória na bolsa através de fundos passivos em ações. Na B3 temos dois fundos passivos muito interessantes: o PIBB11 e o BOVA11. O primeiro, gerido pelo Banco Itaú, é um ETF atrelado ao índice IBX-50, que reúne as 50 empresas mais líquidas da B3. Já o segundo, gerido pela BlackRock, é um ETF atrelado ao índice Ibovespa. Para efeito de diversificação, não há diferença relevante entre estes índices. Sendo assim, investidores devem focar no ETF com o menor custo em termos de taxa de administração. O PIBB11, embora menos líquido, e com um maior "spread" entre o preço de compra e de venda, é o mais interessante em termos de custo total, com uma taxa de administração de 0,059% e um "spread" médio de 0,14%. Já o produto da BlackRock (BOVA11), embora bem mais líquido, apresenta um custo um pouco maior, com uma taxa de administração de 0,54% e um "spread" médio de 0,03%. Em um investimento de R$100.000, o custo para carregar o PIBB11 por um ano é de R$200 enquanto o custo para carregar o BOVA11 é de R$600. Já o custo de um fundo ativo oscila entre R$2.000 e R$3.000 para o mesmo investimento de R$100.000. No longo prazo não há dúvida que a diferença em custo se torna significativa. Entre os fundos ativos, embora haja sempre um ou outro ocupando as manchetes dos jornais com suas excelentes performance, historicamente, o grupo de fundos, como um todo, não consegue superar a performance dos fundos passivos, ainda mais se levarmos os custos em consideração. Sendo assim, ou o investidor de fato confia na capacidade de um gestor específico de superar o mercado, e paga por isso, ou o melhor a fazer é comprar o mais barato dos fundos passivos.

Quando o assunto é renda fixa, investidores devem estar ainda mais atentos aos custos de administração. Investir em fundos de renda fixa aparenta ser uma das piores alternativas. Por que pagar para alguém comprar títulos públicos para você, se você mesmo pode fazer isso através do Tesouro Direto a uma fração deste custo? Um outro tema interessante diz respeito ao prazo dos títulos em sua carteira. Note que dentre os produtos do Tesouro Direto, o único que realmente honra o nome "renda fixa" é o Tesour Pré-fixado, no qual o investidor realmente sabe qual será o seu retorno no final da aplicação. Para os outros produtos, o Tesouro Selic e Tesouro IPCA, o rendimento irá oscilar de acordo com as taxas de juros de mercado. O mais importante, entretanto, é que o investidor saiba que quanto maior o prazo da aplicação, maior o risco de que um resgate pré-maturo poderá oferecer um rendimento bem diferente das expectativas originais. Como na alocação 60%/40%, discutida na Parte 1 deste Comentário, a parte de renda fixa tem como objetivo proteger o patrimônio do investidor, investidores devem evitar títulos com prazos superiores a 5 anos. Em suma, é isso que Jim Cramer e Ed Thorp recomendam aos iniciantes: invistam de forma simples e barata, e no longo prazo, vocês terão um rendimento superior ao praticado pela média dos gestores ativos no mercado.

Marink Martins


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