Aos meus amigos do BUY & HOLD

27/12/2017

Sabe-se que o crescimento econômico visto nos EUA e no resto do mundo, em particular entre 1950 e 2000, não se repetirá por diversas razões. A principal delas é devido a questões demográficas. A população mundial crescerá dos atuais 7,5 bi para 10 bi em 2050, sendo que tal crescimento estará concentrado em áreas muito pobres. Além disso, o enorme endividamento dos governos em países desenvolvidos tende a ser um outro grande impeditivo para um crescimento mais robusto. Outras questões: maior desigualdade social e o elevado custo associado a educação.

A linha vermelha abaixo ilustra o colapso da taxa de crescimento populacional.

Tudo isso, combinado com "valuations" globais esticados (inclusive no Brasil), sugere a adequação a um novo paradigma; um no qual recomendo a investidores que PREPAREM-SE PARA RETORNOS MENORES.

Temos aqui um problema clássico, presente em sistemas dinâmicos, relacionado a Condição Inicial. Embora o preço inicial das partes (uma ação específica) talvez não seja tão relevante, o preço inicial do todo (os índices) historicamente faz diferença no que tange a retornos futuros. O gráfico abaixo é ilustrativo deste conceito:

Aqui, Robert Shiller demonstra graficamente o obvio: quanto mais alta a condição inicial (aqui medida pelo múltiplo de P/L de Shiller), menor tende a ser o retorno subsequente para os próximos três anos.

Em um outro gráfico (abaixo), quanto maior é o percentual do patrimônio das famílias alocado para renda variável, menor tende a ser os retornos subsequentes.

O que passou, passou. O mundo está em transformação. Tem muita gente iniciando no mercado financeiro lendo livros escritos há 50 anos. Embora alguns livros sejam atemporais; outros não são! Não é porque funcionou para o Warren Buffet que irá funcionar para você!

Expresso essa opinião amparado em trabalhos apresentados tanto por Louis Gave, CEO da Gavekal, como também pelo excelente economista da Northwestern University, Robert Gordon, autor de um dos livros mais interessantes dos últimos dois anos, The Rise and Fall of American Growth.


E se você não está muito convencido, veja o que escreveu o principal executivo de tecnologia e inovação da empresa alemã Siemens, em matéria publicada no jornal Valor Econômico de ontem, dia 26/12/2017:


A palavra CRESCIMENTO, de hoje em diante, estará sempre associada a GANHOS DE PRODUTIVIDADE. Seja no que diz respeito as empresas das quais você é um investidor passivo (acionista), ou seja na sua própria vida, onde você é um investidor ativo. Os dias de ganhos elevados na renda fixa se foram. Imaginar que a renda variável irá automaticamente compensar tais perdas é um premissa um tanto perigosa. Por isso, o investidor precisa ser seletivo, reduzir custos de intermediação e investir em seu próprio conhecimento. Este último item tende a apresentar não só um elevado ROI (retorno sobre investimento) mas também contribuir para um maior FIB (Felicidade Interna Bruta). Pense nisso!

Marink Martins, CNPI

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