Aperte o cinto pois a desvalorização do iuane está em curso

26/08/2019

Desde o início da guerra comercial entre os EUA e a China um dos maiores temores do mercado era de que a China desvalorizasse a sua moeda. Afinal, há uma premissa de que uma desvalorização da moeda chinesa poderá levar a um processo de deflação global.

O que vimos nos mercados na última sexta-feira foi alarmante. Iniciamos o dia com a notícia de retaliação por parte dos chineses quanto ao aumento de tarifas anunciado por Trump. Em seguida, os mercados respiraram aliviados ao ouvir que o presidente do FED, Jerome Powell, se mostrou sensibilizado diante das ameaças de desaceleração do crescimento econômico global. A aposta de que o FED está disposto a ser mais flexível fez com que os mercados se valorizassem.

A alegria, entretanto, durou pouco. Trump, não gostando da retaliação chinesa, resolveu aumentar o tom das críticas e ordenou que as empresas americanas busquem alternativas de produção fora da China. No fim do dia, veio mais uma bomba: Trump elevou as tarifas já impostas!

Não sei muito bem porque, mas na hora da divulgação destas notícias o futuro do IBOV ainda negociava e não reagiu de forma negativa. Talvez o elevado número de "bombardeios" do dia tenha deixado os agentes anestesiados. 

Já para esta segunda-feira, o que temos é um cenário bem mais preocupante com a moeda chinesa se desvalorizando de forma significativa. E aí? Como deverá reagir o mundo diante do ocorrido e do temor do que está por vir?

Temos uma corrida para os ativos considerados antifrágeis: o ouro, o iene, e os treasuries de 10 anos dos EUA.

Curiosamente, estrategistas do banco Wells Fargo alertam para que investidores tenham cautela ao comprar ouro, afirmando que o metal já se valorizou bastante e poderá ser um péssimo investimento nos próximos meses.

Considero que neste momento, mais importante do que buscar ativos que possam se valorizar ou defender sua carteira em um período de adversidade, o mais importante seja pensar no tamanho da posição já existente em cada ativo de sua carteira. As vezes o melhor a ser feito é simplesmente reduzir a exposição, lembrando sempre de uma frase inconveniente que diz: a mínima de hoje poderá ser a máxima de amanhã.

Para finalizar, segue um gráfico do Google Trends ilustrando o interesse de usuários em pesquisar a palavra "RECESSION". Temos aí algo preocupante no que diz respeito ao grau de confiança de consumidores e investidores. Observe que o nívels atual se aproxima daquele atingido durante a grande crise financeira de 2008.

Marink Martins

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