Apesar da desvalorização do Real, os estrategistas ainda preferem as moedas asiáticas!

28/03/2019

Ainda que os investidores brasileiros estejam atônitos com a consequência vista nos mercados devido à falta de diálogo entre os poderes executivo e legislativo no que tange as reformas necessárias ao país, não devemos ignorar o fato de que os mercados internacionais embarcaram em uma onda negativa que vem promovendo desvalorizações em moedas de diversos emergentes considerados vulneráveis.

O ponto aqui é que quando um dos temas centrais de discussão passa a ser uma desaceleração do crescimento econômico global é raro vermos uma "outperformance" dos emergentes.

Mesmo assim, observe que é possível termos uma situação em que o dólar, medido pelo dólar index - DXY, se valorize sem que as moedas de países emergentes tenham que "sofrer". Primeiro, não há moedas emergentes no DXY. Segundo, como podemos observar através do gráfico abaixo, a correlação destas moedas com as demais é bem instável.

Aqui no Brasil conseguimos driblar o sentimento de depressão que marcou o ano de 2018 devido a euforia gerada com as eleições. E é justamente por isso, que hoje pagamos ao registrar quedas expressivas nas bolsas e desvalorizações em nossa própria moeda.

Venho aqui sempre enfatizando a necessidade de uma postura tática diante das incertezas que nos cercam. Que as águas de março chegariam e que junto viriam turbulências políticas eram previsões relativamente fáceis para qualquer um que já acompanha os mercados há mais de 20 anos.

Mas o que realmente importa é falar sobre perspectivas. Os estrategistas que sigo apontam para um certo repique econômico na zona do euro. Junto com isso, temos os estímulos chineses anunciados em janeiro deste ano que começaram a mostrar seus impactos na economia ao longo dos próximos meses.

Dito isso, não chega a ser surpreendente, mas observo que, mesmo em períodos de pequenas turbulências, como este que vem afetando negativamente as moedas do Brasil, México, Turquia e Argentina, as recomendações dos estrategistas parecem nos levar em direção das moedas emergentes de países asiáticos.

Desta vez não é diferente. A sugestão da Gavekal, por exemplo, é focar em moedas de países localizados no norte da Ásia que tendem a se beneficiar de estímulos chineses voltados a beneficiar um maior consumo interno no país. Mesmo assim, eles não deixam de enfatizar a necessidade de um evento catalisador que nos mostre sinais de que tais estímulos econômicos estão realmente ocorrendo.

Para finalizar e dar uma atenção mais precisa aos problemas internos brasileiros, gostaria de chamar atenção a entrevista do jornalista Alexandre Garcia a uma rádio, onde o jornalista descreve como a mídia brasileira vem interpretando os eventos de Brasília de forma enviesada e incorreta.

Em época de incerteza e ansiedade como essa que vivemos por aqui, o melhor é reduzir suas posições até um ponto em que variações de até 2.000 no índice futuro do Ibovespa não provoquem tamanha mudança de humor. Isso é sem dúvida, uma tarefa ingrata neste momento, pois com os prêmios de riscos mais elevados, qualquer ajuste na carteira tende a resultar em prejuízos. Mas, operar em bolsa é isso aí, requer muitas vezes que tomemos decisões difíceis em nome da preservação do que é mais importante: a sobrevivência!

Marink Martins

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