As ameaças da semana

27/01/2020

Não quero me alongar a respeito das implicações associadas a uma possível epidemia relacionada ao vírus Corona pois tenho certeza que você ficou sintonizado com o noticiário ao longo do fim de semana. Louis Gave, o fundador da Gavekal, escreveu hoje sobre como a possibilidade de uma pandemia desperta imenso pavor e curiosidade no ocidente.

Em seu texto, embora não desmereça de forma alguma a ameaça, Louis busca nos chamar atenção sobre diversas diferenças entre a China de 2003 - época associada a epidemia Sars - e a China de hoje. Há um número muito maior de ocidentais na China, um maior número de chineses que falam inglês, e outros fatores que contribuem para acreditarmos que os chineses não irão ocultar os fatos como foram acusados de fazer em 2003. Mesmo assim, não há dúvidas de que os dados divulgados pelo governo subestimam o ritmo de expansão do vírus. Há sérios riscos e os mercados já começam a precificar esta incerteza na abertura dos mercados.


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Sabe-se que o epicentro desta epidemia está na cidade de Wuhan, que, por sinal, é um importante centro logístico para o país, desempenhando um importante papel para o setor automobilístico. Curiosamente, é justamente deste setor que se espera uma recuperação da atividade econômica para 2020. Será que esta ameaça será capaz de reverter o processo de recuperação e forçar a China a estimular sua economia como já fizera no passado?

Essa é uma importante questão e teremos que esperar para ter uma resposta.

Neste momento, entretanto, devemos nos preparar para conviver com um nível de volatilidade mais elevado. A correlação dos ativos sobe de forma significativa, de forma que todos os ativos parecem cair, com exceção do ouro e da prata.

Essa semana existem dois eventos importantes que poderão ser decisivos para o comportamento do mercado: o resultado trimestral da Apple amanhã e a decisão do FED na quarta.

O preço das ações da Apple subiu de forma exponencial nos últimos meses impulsionado por uma tremenda expansão de múltiplo. Otimistas passaram a ver a Apple como uma empresa focada em serviços. Já os pessimistas argumentam que tudo não se passa de uma consequência da injeção de liquidez do FED que faz com que o fluxo de recursos para as ações mais líquidas seja contínuo.

E, por falar no FED, segue aqui o meu alerta que a instituição possa optar por acalmar os mercados com um comunicado que mencione os riscos associados a uma maior complacência dos participantes de mercado.

Marink Martins 

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