As consequências da transição para uma era dominada pelo Conhecimento

18/03/2019

Com as manifestações se intensificando em Paris, é importante refletirmos a respeito de uma nova era; uma em que não mais convivemos somente com três fatores de produção (terra, trabalho e capital), mas sob forte influência do CONHECIMENTO como um quarto fator de produção.

Assim, embora as manifestações sejam importantes e necessárias para provocar mudanças na sociedade, é importante pensarmos a respeito da seguinte tese:

Por mais que trabalhemos para distribuir o conhecimento de uma forma mais justa e equitativa, a conversão deste em ideias produtivas (empresas escaláveis / plataformas) é algo que ocorre de forma intrinsecamente assimétrica.

Enquanto a distribuição do conhecimento se faz através de uma curva gaussiana (curva em formato de sino), a distribuição de seu uso de forma produtiva e escalável é ilustrada através de uma curva que obedece uma lei de potência.

Na ilustração acima temos uma distribuição gaussiana - em formato de sino (linha preta) e uma distribuição de potência (área cinza).

Deixe-me explicar de forma mais simples.

Pense em um grupo de 1.000 professores universitários atuando em uma mesma área de conhecimento - presuma aqui todos qualificados. Imagine agora um concurso onde cada um deverá escrever um livro que será comercializado por uma editora.

Lançados os 1.000 livros no mercado, cada um custando R$50, a distribuição de faturamento entre os autores tende a obedecer uma distribuição assimétrica onde poucos autores vendem bastante e muitos simplesmente não vendem nada.

É da natureza humana! A preferência do consumidor é algo ligado ao desejo, e este, por sua vez, é algo que não obedece os ideais de justiça idealizados pela sociedade.

Antes que você me critique por trazer temas psicanalíticos e filosóficos em um ambiente que é para discutir o mercado, saiba que esta discussão é importantíssima para que você entenda a preferências dos investidores por ações associadas a crescimento ("growth") em relação àquelas associadas a valor ("value").

No fim das contas, você pode ficar chateado com o Mark Zuckerberg e com o Jeff Bezos, mas o que você não deve é deixar de olhar para si e entender que boa parte do que ocorre é fruto de nossas próprias escolhas.

Podemos mudar tudo isso? Lógico que sim. Podemos tributar, podemos estabelecer regras mais justas, impor mais regulamentação, e até mesmo, desmantelar conglomerados se necessário. Só não devemos é posar de vítimas da sociedade.

Marink Martins

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