As limitações iranianas

06/01/2020

A casa de pesquisa Gavekal busca se afastar do sensacionalismo ventilado pela mídia financeira e nos diz que não há incentivos para ambos os países em buscar um conflito militar direto. Ao longo deste fim de semana muito se comentou a respeito de possíveis retaliações por parte do Irã. Dentre as mais extremas reações, falou-se sobre uma eventual tentativa de "fechar" o estreito de Ormuz; algo que fatalmente resultaria em uma apreciação expressiva no preço do barril de petróleo.


Ouça o MyVOL Whatsapp ao clicar abaixo:


Embora nenhuma alternativa esteja descartada, a Casa de Pesquisa nos diz que é pouco provável uma retaliação de tamanha proporção. Não por falta de desejo iraniano, mas sim por limitações do ponto de vista bélico. Sendo assim, os estrategistas acreditam que os prêmios de risco - que subiram na última sexta-feira - não devem ir muito além dos níveis atuais, e deverão recuar lentamente na medida em que nos distanciamos da data do evento.

Dentre os ativos ditos "antifrágeis", o ouro mostrou forte recuperação em seu preço na última sexta-feira. Louis Gave, fundador da Gavekal, nos diz que a tendência é de alta em um cenário onde os bancos centrais voltam a comprar os ativos enquanto os mineradores entram em uma onda de consolidação. E por falar em ouro, fique atento ao vídeo MyCAP Tendências Globais que sai amanhã cujo título é "Falta ouro na Ásia enquanto sobra ouro na Europa".

Finalizo este texto chamando atenção ao fato de que o evento geopolítico de sexta-feira encontrou um mercado americano relativamente caro após meses de expansão de múltiplos de lucratividade. Sabe-se que grande parte da alta vista no índice S&P 500 em 2019 ocorreu devido a forte valorização no preço das ações da Apple e da Microsoft. Escrevi bastante sobre a Apple nos últimos dias, dando destaque ao fato de que sua lucratividade se mantém estagnada e seu endividamento crescente. Mais importante, porém, é o fato de que, nos últimos dias, a volatilidade implícita nos derivativos associados às suas ações subiu bastante. Isso, por si só, já representa um forte indício de reversão no curto prazo.

Marink Martins


www.myvol.com.br