Atenção com a Europa

12/03/2019

Nas últimas semanas a mídia financeira até que tentou trazer de volta o tema sincronismo global em referência as diversas medidas de flexibilização instauradas pelos diversos governos e bancos centrais. Chegou-se a falar até em um novo Acordo de Shanghai em uma busca de resgatar o sentimento positivo após a reunião do G20 ocorrida naquela cidade no início de 2016 e que resgatou os mercados de um aparente precipício.

Contudo, há enormes sinais de desgaste no que diz respeito tanto a "munição" destas instituições assim como no que diz respeito ao apetite dos investidores. 

Além disso, o que vemos são medidas unilaterais que, embora exerçam uma certa influência nas contrapartes, não exibem sincronismo algum.

De qualquer forma, os últimos dois meses foram marcados por um processo de reversão de tendência por parte do FED, e mais recentemente, por parte do BCE. A China resolveu estopar o seu processo de desalavancagem e injetou um absurdo de liquidez (5% de seu PIB) nos mercados durante o mês de janeiro. 

Há quem diga que a alta vista nos mercados foi relativamente pequena uma vez considerado a dose da injeção de ânimo. É possível que o paciente já não responda da mesma forma a tais estímulos. 

Já na Europa o ceticismo é ainda maior. Estrategistas comentam sobre a vulnerabilidade da economia alemã que ao longo da última década teve seus bancos concedendo empréstimos a países e empresas que simplesmente não conseguem mais crescer economicamente. 

Assim, tenho como único objetivo neste comentário chamar atenção ao fato de que entraremos em um novo ciclo no que diz respeito ao cenário econômico global. 

Embora o mercado ainda aguarde ansiosamente por detalhes do iminente acordo entre EUA e China, aos poucos as "headlines" estarão voltadas para a Europa. 

Começamos agora com notícias relacionadas ao BREXIT. Em seguida, o foco estará nas eleições dos representantes em Bruxelas. Resultados adversos poderão fazer com que o euro fique cada vez mais fraco e precipite mudanças no velho mundo. 

Ironicamente, estrategistas, como o veterano Charles Gave, afirmam que a própria política de juros baixíssimos - em níveis abaixo da taxa nominal de crescimento do PIB - representa a semente para a destruição das próprias economias pelo mau uso do capital. Por incrível que pareça, tal fenômeno está em curso na Alemanha. 

No gráfico acima vemos que hoje o custo do capital (linha azul) é significativamente inferior ao crescimento do PIB nominal (linha vermelha). Paradoxalmente, em situações como estas, o dinheiro é mal utilizado e resulta em perdas permanentes de capital.

Fiquemos atentos!

Marink Martins 

 

 

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