Atenção você que deseja ser como Warren Buffet!

16/03/2018

Warren Buffet é sem dúvida o investidor mais famoso de todos os tempos. Adepto ao "value investing", fez inúmeros investimentos memoráveis ao longo de sua longa carreira.

Vivemos em um período maravilhoso onde a quantidade de informação disponível a todos é cada vez maior e cada vez mais democrática. Hoje, com um clique no "mouse" qualquer um tem acesso a informações que, há um tempo atrás, estavam restritas à especialistas de plantão.

Dito isso, investidores que desejam seguir o caminho do "Oráculo de Omaha" e decifrar os valores intrínsecos de empresas listadas no Brasil devem estar conscientes a respeito de uma enorme assimetria de informação entre o que sabe a diretoria da empresa e o que é divulgado a público.

Faço esta afirmação justamente por ter passado um ano de minha vida atuando na gerência de relações com investidores de uma empresa listada na B3.

Eu que, ao longo da minha longa carreira, sempre atuei do outro lado, como "trader" e analista, vi esta oportunidade de atuar do "outro lado", como uma excelente oportunidade de aprendizado.

O que eu imaginava como assimetria de informação provou-se ser muito pior.

Embora tenhamos hoje acesso a uma vasta quantidade de informação, sua qualidade, muitas vezes, é questionável. Convivi com analistas de grandes instituições financeiras que, embora competentes, faziam previsões sobre o futuro da empresa com base em premissas altamente questionáveis.

A parte mais problemática, em minha opinião, refere-se ao cálculo de ativos intangíveis em um balanço patrimonial. Como o próprio nome sugere, estes são ativos monetários, identificável sem substância física ou incorpóreo (CPC 04 - R1), isto é, possui valor econômico, mas não tem existência física. Representam direitos de uso de um bem ou direitos associados a uma organização. Como exemplo, podemos citar marcas, patentes, licenças, capital intelectual, "know how", etc.

No caso da empresa por onde atuei, como a empresa tinha uma espécie de "mandato" dado pelo mercado para adquirir empresas menores, suas aquisições resultavam em um ágio que era tratado como uma ativo intangível.

Uma análise do seu balanço e notas explicativas indica a existência de um ativo associado a expectativa de rentabilidade futura. Por incrível que pareça, tal ativo ainda corresponde a aproximadamente 80% do total de seus ativos, mesmo após diversas revisões denominadas como "impairments".

O mais impressionante, entretanto, é que mesmo os mais brilhantes analistas, atuando por instituições de primeira linha, aceitavam tais valores como uma verdade. Afinal, tais valores foram auditados. Afinal, tais valores estavam em "compliance" com regras estabelecidas pela CVM.

Bem, não preciso dizer que a minha passagem pela empresa foi rápida.

Finalizo, com a seguinte mensagem: quer ser conservador em sua análise? Seja um cético e subtraia tais valores de suas estimativas.

Até amanhã, no MyCAP Day!

Marink Martins

www.myvol.com.br