Avaliando o mercado através do P/L de Shiller

16/04/2020

Em tempos de crise, uma boa forma de se avaliar os mercados é através do índice de Preço/Lucro calculado pelo professor Robert Shiller, da universidade de Yale. Ao contrário do P/L tradicional, que é calculado com base no lucro por ação projetado para os próximos doze meses, o P/L de Shiller, também conhecido como "CAPE Ratio", leva em consideração o lucro médio dos últimos dez anos ajustados pela inflação do período.

Em tempos de pandemia as projeções de lucro são meros exercícios de imaginação. Sendo assim, o melhor a ser feito é olhar para o passado como uma referência ao que está por vir.

No gráfico acima temos o CAPE RATIO preparado pela casa de pesquisa Research Associates (RA) para algumas regiões. Em destaque, chamo sua atenção para a barra associada a "US Large" que reúne as principais empresas americanas. Observe que o círculo representa o ponto atual enquanto o "x" representa o alvo de acordo com a empresa RA.

Como podemos ver, as ações americanas estão caras de acordo com este indicador. Contudo, o que é mais importante neste momento é relatar o seguinte:

Em março de 2009 - na mínima registrada pelo índice S&P 500 - o CAPE ratio estava próximo a 13x. Hoje tal indicador está a 24x (o que é 20% acima da média histórica de 19x). Não tenho a menor dúvida de que as intervenções do FED vêm distorcendo os mercados. Mas, se considerarmos que o FED veio para ficar, como deverá se comportar o investidor? Será que ainda há espaço para análises fundamentalistas? Ou será que a única alternativa é comprar o que o FED estiver comprando?

Essas são perguntas que estão na mente de todos aqueles que atuam diariamente nos mercados. Embora eu não tenha uma resposta a essas perguntas, incluo aqui um outro gráfico que deve contribuir para que você prossiga com uma maior cautela. Abaixo, temos um gráfico ilustrando o nível de provisão para devedores duvidosos feito por bancos americanos durante a crise de 2008. Observe que muitos estrategistas acreditam que a inadimplência resultante da atual crise tende a ser superior aquela registrada em 2008/2009. 

Por tudo isso, acredito que o melhor a ser feito em meio a toda esta incerteza é priorizar a preservação patrimonial. Reduza sua exposição ao risco.

Marink Martins

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