Avisem aos americanos que o caminho está errado
Já dizia Bill Gates: O sucesso é um péssimo professor. Ao participar da última conferência da B3, em Campos de Jordão, fiquei impressionado com a fala do professor da Universidade de Chicago, Luigi Zingales, ao apontar a deterioração norte-americana e suas crescentes semelhanças a um país emergente.
Os EUA parecem estar muito bem na foto. A economia cresce seu PIB a um ritmo próximo a 3% e o desemprego está na mínima. Mas notem: isso aqui é um comentário de mercado. Nos mercados somos pagos para especular sobre a direção dos próximos passos; aonde estamos no atual momento perde relevância. E, neste sentido, tudo que tenho lido a respeito da economia global, com base nos estudos enviados a mim por Louis Gave, tem sido preocupante.
Assim como o Brasil, os EUA caminham para um orçamento fiscal completamente engessado. Para piorar, os republicanos cortaram os impostos e planejam aumentar os gastos com defesa; algo que faz com que estimativas oficiais apontem para um déficit fiscal superior a 5% em 2027.
Ontem, a notícia do dia foi a parceria entre 3 gigantes privadas na área da saúde (Berkshire, Amazon e JP Morgan). Tais empresas pretendem reduzir os custos relacionados a gastos com saúde para seus funcionários, reconhecendo que isso é um problema que não será resolvido de forma alguma pelos governos. Os americanos estão disparados como a população que mais gasta com saúde com relação a seu respectivo PIB (17% vs. 12% para o segundo lugar, a Suécia 11,9%). O Brasil está logo ali, em quarto lugar, gastando 11,5%. Vai gastar mal assim!
Mas, e daí? Perguntaria um leitor impaciente com este meu blá blá fiscal. E os mercados? O ponto é que temos um dólar se desvalorizando mesmo em um cenário de juros crescentes na terra do Tio Sam. Isso pode ser normal para países latinos, mas não para a matriz.
O que isso pode implicar? Isso pode fazer com que as ações das empresas do setor de tecnologia, que tanto contribuíram para as recentes valorizações na bolsa, comecem a negociar com múltiplos mais realistas. Desvalorização de moeda normalmente traz inflação para aqueles que não conseguem substituir os produtos importados com produtos locais. E isso não é bom para uma bolsa que fora "turbinada" por "growth stocks".
O gráfico abaixo ilustra bem esta situação. Como você pode ver, historicamente, um dólar forte (medido aqui pelo DXY) está positivamente correlacionado com a performance das empresas de beta elevado (growth stocks):
Hoje, estarei em SP para mais uma palestra. Nesta irei falar sobre proteção nos mercados e, naturalmente, sobre economia global. Inscreva-se enviando um email para marketing@br.icap.com
Marink Martins
myvol.com.br