Ben Graham vs Warren Buffett

01/11/2019

Ao ouvir um podcast ontem à noite, achei muito interessante uma comparação feita entre estas duas celebridades do mundo do "value investing". Para o gestor Ben Claremont, da Cove Street Capital, uma distinção entre os dois é que Buffett busca bons negócios, a um bom preço, e que sejam geridos por pessoas íntegras. Já Graham estaria mais focado no balanço patrimonial buscando qualquer ativo que esteja sendo negociado por uma pechincha. Fiquei com a impressão de que Graham era o verdadeiro caçador de barganhas.

Vale ressaltar que a década não tem sido muito favorável aos "caçadores de valor". Quando comparamos a performance nos últimos 5 anos entre ETFs associados a valor com aqueles associados a "momentum", o que observamos é um mercado que só quer saber daquilo que vem dando certo. Em suma, como podemos ver no gráfico abaixo, as ações ligadas a "momentum" vêm ganhando de lavada.

E por falar em ETFs, é justamente esta busca frenética por fundos passivos que vem contribuindo para tamanha disparidade. Em um mundo dominado por um sentimento de que o "vencedor leva tudo", não é de se surpreender que as ações das empresas mais dominantes sejam aquelas com os melhores retornos. Tais empresas não só estão na mídia com frequência, mas também são as estrelas dos principais ETFs negociados nos EUA.

Ben Inker, gestor da GMO, nos chama atenção para o poder dos monopsônios e oligopsônios - estruturas de mercado aonde um comprador tem um enorme poder na precificação de produtos e serviços. Diz Inker que empresas como a Google são monopsonistas de enorme sucesso. O gestor nos chama atenção do fato de que o lucro das 50 maiores empresas do índice S&P 500 é hoje maior, em termos percentuais do PIB do EUA, do que no passado, e que boa parte deste ganho vem do poder monopsonista de diversas destas empresas.

Tudo isso é muito interessante e certamente um ótimo tema para conversas de bar. Eu só sei que, do nada, todo aquele nervosismo do mercado visto durante o mês de agosto deu espaço para uma calmaria. É impressionante! Quando achamos que a festa vai acabar, entra um novo DJ e coloca todo mundo para dançar.

Ao som do DJ Powell, não quero saber nem de Graham nem de Buffett. O meu negócio é seguir na batida tática de Ed Thorp, buscando sempre ficar perto da porta de saída, pois quando a festa acabar...

Um bom fim de semana a todos,

Marink Martins

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