Bitcoins - um bom investimento para as mulheres

14/11/2017

Pensei neste título ontem ao acompanhar cuidadosamente um grande debate sobre as perspectivas dos bitcoins entre os analistas Dennis Gartmane Karen Finerman no programa FAST MONEY da CNBC. O veterano Gartman, especialista em commodities, se mostrou pessimista e utilizou como argumento o já "batido" paralelo entre as crypto-moedas e a bolha das tulipas ocorrida no século 17 na Holanda. Já Finerman me surpreendeu ao desdenhar da volatilidade atual dos bitcoins e a traçar paralelos entre o comportamento dos preços destes com o das ações de empresas sobreviventes da celebrada bolha do Nasdaq durante a segunda metade da década de 90.

Finerman foi certeira ao lembrar que a própria ação da Amazon, desde aquela época, já sofreu três "mega-correções" superiores a 80% de seu valor. Aqueles que não aguentaram tamanhas "sacudidas" perderam uma grande oportunidade de "surfar" uma das ondas mais longas e excitantes do mercado dos últimos 20 anos. E olha que outras sobreviventes daquela época como Ebay e Priceline também representaram ótimos investimentos. "Surfar" uma onda de valorização como essas é para poucos! Deve ser como a sensação de conectar todas as sessões de Jeffrey´s Bay (Picuruta Salazar diz que fez, mas há quem duvide!)

Os bitcoins definitivamente não são para os "cardíacos". Que seu caminho será marcado por uma elevada volatilidade talvez seja uma das únicas certezas associada a tal ativo. Entretanto, ao ouvir o argumento de Karen Finerman, logo pensei: taí um bom investimento para as mulheres! Calma, eu explico!

John Coates, um ex-trader da Goldman Sachs que se tornou um neurocientista especializado na biologia associada a tomada de riscos, escreveu um belo livro em 2012 chamado The Hour Between Dog and Wolf: how risk-taking transforms us, body and mind (tradução: A hora entra cão e lobo: como a tomada de risco nos afeta; corpo e mente).O título se apropria de uma expressão francesa que se refere a um processo transformacional. Nesta bela obra, Coates vai fundo, buscando explorar o que ocorre com o nosso corpo em momentos de elevada tensão. Neste jogo onde há diversos atores como a dopamina, a serotonina e o cortisol, a grande estrela é sem dúvida o esteroide testosterona. Se podemos apontar um culpado por toda a exuberância irracional nos mercados, este certamente é a testosterona, de acordo com John Coates.

A boa notícia para as mulheres é que elas carregam uma dose bem menor deste esteroide do que os homens. Por isso, as mulheres tendem a ser mais pacientes, mais prudentes e capazes de navegar por mares revoltos sem entrar em pânico. Coates e muitos outros especialistas não cansam de afirmar que as mesas de operações devem ser chefiadas por mulheres e homens mais velhos (menor nível de testosterona). Não é à toa que elas tendem a ter carreiras corporativas duradouras.

Mas, aí você diz: Os bitcoins são extremamentes arricados. Por que seriam indicados às mulheres? De fato, as mulheres se demonstram mais avessas a riscos. Dados sobre o registro de patentes nos EUA indicam que, embora o percentual registrado por mulheres tenha quintuplicado desde 1977, estes ainda representam somente 8% do total de registros no país. Mas, uma vez convencidas de um "case" promissor, como os bitcoinsparecem ser à Karen Finerman, elas parecem reunir as condições fisiológicas necessárias para carregar o ativo pelo prazo necessário até que a revolução em curso se materialize. Neste caso estamos falando de uma revolução monetária onde a blockchain poderá ser a base tecnológica para os meios de troca no futuro. As mulheres estão menos propensas a sofrer do viés cognitivo de reversão à media (efeito disposição), aquele que faz com que muitos "traders" se desfaçam rapidamente de suas posições em meio a um primeiro salto no preço de um determinado ativo.

Tudo isso pode parecer demagogia, ou mesmo, uma tentativa de parecer politicamente correto. Ciente deste risco, escrevo com o objetivo de compartilhar um tema cada vez mais abordado por cientistas.

Em 2005, o grande Larry Summers, ex-secretário do tesouro americano e ex-reitor da Harvard, foi quase apedrejado ao explorar a hipótese de que há uma maior variância no cérebro masculino no quesito inteligência. Summers, foi adiante e levantou a hipótese de que esta seria uma das razões para um baixo percentual de mulheres atuando como professores na área de ciências e engenharia nas mais renomadas universidades norte-americanas. Note que ele falou em uma maior variância; não em uma média mais elevada. Mesmo assim, foi crucificado.

Ainda vivemos em um mercado de trabalho dominado por homens. Mas, ninguém dúvida de que as coisas estão mudando. E de forma rápida! Scott Galloway, o mestre das marcas e honrado professor da Universidade de Nova York, recentemente nos lembrou em seu livro The Four, que mais de 70% dos oradores dos formandos universitários (valedictorians) são mulheres. E não hesita: Um domínio feminino no mercado de trabalho é uma questão de tempo!

Marink Martins, CNPI

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