Cheap, hated and in an uptrend (barato, impopular, e em tendência de alta)

12/11/2018

Steve Sjuggerud, estrategista da Stansberry Research, ficou famoso ao expressar sua busca no mercado de ações por ações que estejam baratas e que tenham entrado em tendência de alta. E neste processo de busca, ele adiciona um ingrediente: quanto mais impopular forem elas, melhor!

Por mais óbvio que tudo isso possa parecer, há um estudo relacionado a tal processo que se mostra extremamente relevante para o processo de alocação de recursos. 

Um estudo preparado pelos analistas Russman e Faber, baseado em uma análise do comportamento das ações listadas no índice S&P 500 do ano de 1900 até 2013, indica que ao considerarmos estes dois importantes fatores (Valor e Tendência) no processo decisório, a escolha por ações em tendência de alta se provou muito mais relevante para os retornos obtidos do que a escolha por ações baratas (valor).

Na tabela acima, preparada pela Stansberry Research, as ações são classificadas de acordo com dois parâmetros: caras/baratas ("cheap/expensive") e em tendência de alta/baixa ("uptrend/downtrend") 

Tais analistas utilizaram como métrica para determinar se uma ação estava cara ou barata o índice de Preço/Lucro ajustado pela inflação ("CAPE Ratio"). Um índice abaixo de 17x apontava para uma situação em que a ação estava cara e vice-versa. 

Já com relação a tendência, a métrica utilizada era a média móvel de 10 meses registrada por um determinado ativo. Assim, um ativo negociando a um preço superior a sua média foi considerado como um ativo em tendência de alta, e vice-versa.

Como podemos observar através da tabela abaixo, a decisão mais importante considerando tais fatores é se o ativo em questão estava em tendência de alta ou de baixa. Afinal, comprar um ativo, mesmo que barato, mas em tendência de baixa, resultou em um ganho bem menor do que a compra de um ativo caro, mas em tendência de alta

Na tabela acima, o retorno registrado de ações do índice S&P 500, medidos entre 1900 e 2013, e classificados de acordo com os fatores discutidos ao longo deste texto. Observe que nesta análise o fato de uma ação estar cara ou barata tem um efeito bem menor do que o fato da mesma estar em tendência de alta ou de baixa.

Curiosamente, nos últimos 10 anos o excelente comportamento registrado pelos índices bursáteis norte-americanos foi, em grande parte, impulsionado pelo comportamento das ações de elevado "momentum"; isto é, por ações em tendência de alta. 

Dito isso, e sem desmerecer a importância deste que é um dos principais fatores a ser considerados em um processo de alocação de recursos, o investidor deve se atentar ao fato de que a análise apresentada foi feita durante um período de uma explosão demográfica que não deverá se repetir nos próximos anos. 

Mesmo se considerarmos somente os últimos 10 anos de mercado, observa-se também durante este período um excesso de liquidez como nunca antes visto nos mercados de capitais. 

Por tudo isso, concluo este texto reafirmando a tese apresentada pelos analistas que apontam a tendência do ativo como um fator determinante em sua performance futura, mas também chamando atenção de que os retornos futuros tendem a ser bem menores do que aqueles registrados ao longo do período em análise devido as questões demográficas aqui discutidos.

Marink Martins

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